Com a presença do presidente da República Lula, o Foro de São Paulo, um dos mais importantes eventos políticos da América Latina e do Caribe, reuniu líderes, intelectuais e representantes de movimentos sociais em Brasília na noite desta quinta-feira (29). Durante o evento, foram discutidas questões relevantes para o futuro político da região, além de ser um espaço para diálogo e troca de ideias entre líderes progressistas.
O Foro de São Paulo, criado em 1990 por iniciativa de partidos e organizações de esquerda, tem como objetivo promover a integração e a cooperação política entre as forças progressistas de 27 países da América Latina e Caribe. Desde então, o evento ocorre anualmente, reunindo representantes de partidos políticos, governos, movimentos sociais e acadêmicos comprometidos com a construção de uma agenda política e social mais igualitária.
“Nós precisamos acabar com a desigualdade no mundo. Não é possível a gente continuar com essa desigualdade na comida, no salário, na educação, na moradia. Com a desigualdade de gênero, racial. Todo santo dia a gente vê aumentar a quantidade de pobres no planeta. Crianças morrem de fome enquanto os ricos pagam passagem de foguete para procurar o novo mundo, enquanto o mundo deles é esse”, diz o presidente Lula que é um dos fundadores do Foro, em 1990.
Durante seu discurso, ele destacou a importância da unidade entre as forças progressistas para enfrentar os desafios atuais e promover mudanças sociais significativas, criticou a “direita fascista” e pediu a união da esquerda. Ele ressaltou a necessidade de fortalecer os laços de solidariedade e aprofundar a integração regional como meios de enfrentar os obstáculos políticos e econômicos que afligem a América Latina.
“Quatro anos da extrema direita neste país foi uma lição para todos nós. Ou nós nos organizamos para resolver os problemas da sociedade brasileira, sobretudo a questão da inclusão social, ou a extrema direita está aí, contando mentiras, utilizando fake news, violentando qualquer parâmetro de dignidade para voltar ao poder.
Nós enfrentamos o discurso do costume, o discurso da família, o discurso do patriotismo. Eles nos acusam de comunistas, achando que nós ficamos ofendidos com isso. Nós não ficamos ofendidos. Ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazista, de neofascista, de terrorista. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes”, pontua Lula.
O Foro de São Paulo se tornou um espaço de convergência e mobilização de movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Até domingo (2), ocorrerão atividades paralelas, como conferências, mesas-redondas e apresentações culturais, que buscarão ampliar o diálogo e fortalecer as alianças entre os participantes.
Nesse contexto, Lula acredita que a cooperação e a solidariedade entre os países da região são fundamentais para enfrentar os desafios comuns e promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável. Ele se colocou à disposição para apoiar o progresso dos países latino-americanos em questões sociais, trabalhistas e de bem-estar geral da sociedade. “Enquanto este coração jovem estiver pulsando, eu estarei lutando para que a gente conquiste respeitabilidade, dignidade do povo trabalhador da nossa querida América Latina.
Movimento colheu bons frutos
Apesar das diferenças e das dificuldades enfrentadas pelos governos progressistas na região, o evento mostrou a disposição de líderes e movimentos sociais em encontrar soluções conjuntas e impulsionar transformações políticas e sociais. A presença do presidente Lula trouxe uma energia renovada ao Foro de São Paulo e reforçou a importância de se fortalecer a luta por uma América Latina mais justa e inclusiva.
“O primeiro encontro do Foro de São Paulo, em 1990, debateu os efeitos e retrocessos sociais do neoliberalismo, a face mais cruel do capitalismo, em nossa região. Naquela ocasião, nossos partidos escolheram a luta política e popular como caminho mais eficaz para a transformação política e social. É uma grande mentira, portanto, dizer que o Foro de São Paulo seria uma organização secreta que apoia ou participa de movimentos armados e insurrecionais. Somos da paz, da democracia e da justiça. Desde aquele primeiro encontro, conseguimos enormes conquistas, elegemos governos comprometidos com as mudanças e elas se refletiram numa vida melhor para o povo”, pontua a presidenta do PT, deputada Federal Gleisi Hoffmann (PR).
Ela ainda expressou sua gratidão pela solidariedade demonstrada pelos partidos, movimentos e líderes da América Latina, Caribe e de outras partes do mundo, após a tentativa frustrada de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro, protagonizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
“Aprendemos que o enfrentamento à extrema direita e ao fascismo tem de ter um caráter global, pois é globalmente que eles se organizam para oprimir povos e países. A integração que desejamos construir deve ser equilibrada e justa em seus diversos aspectos: político, econômico, social, cultural e de infraestrutura, respeitando as diferenças e valorizando as identidades entre nossos povos e países. Organismos e instâncias como a Unasul, a Celac, o Conselho de Segurança do Sul podem e devem ser retomados ou fortalecidos na nova conjuntura que se apresenta. Unidos, seremos mais fortes e teremos voz mais ativa na construção de uma ordem global multipolar e mais democrática”.
Acompanhe o evento
O 26º encontro do Foro de São Paulo tem como lema “Integração Regional para Avançar a Soberania Latino-americana e Caribenha” e contou com a presença da Secretaria Executiva do Foro de São Paulo, Mônica Valente, da ministra da Ciência e Tecnologia e presidente do PCdoB, Luciana Santos, e do presidente da Embratur, Marcelo Freixo. Também participaram o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira, e a secretaria do PCdoB, Ana Prestes, além do presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamoto, e do representante da fundação do PCdoB, Adalberto Monteiro; e delegações de partidos da América Latina, do Caribe, de diversos países da Europa e dos Estados Unidos.
O Foro acontecerá até domingo (2) com debates sobre diversos temas sociais, econômicos e políticos. (veja aqui a programação)
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Assista a abertura do evento: