Ao nascer na Alemanha, durante o final da Segunda Guerra Mundial, Deus já tinha um propósito na vida do Frei Hans Stapel, a missão de evangelizar e resgatar as pessoas do flagelo das drogas e outros males que afligem a humanidade como um todo. Com o pulsar forte em seu coração, sempre em busca da fé e com o caráter inquestionável, ele ingressou, como vocação adulta, para a Ordem Franciscana no Brasil e, depois de ser ordenado sacerdote, foi transferido para uma paróquia em Guaratinguetá. É nesse momento que começa seu novo destino.
“O chamado de Deus vem de um jeito que gente não entende. Apareceu um jovem que pedia ajuda e, para mim, cada pessoa é Jesus. Eu o acolhi e conversando com ele, eu vi uma grande dor na alma, uma carência, machucados, era sofrido, precisava ser amado e aprender a amar. Nisso tinham outros jovens que precisavam receber amor e serem ensinados a amar. Então acolhemos o que é Jesus, e assim nasceu a Fazenda acolhendo, amando, ensinando e ajudando o outro”, descreve Frei Hans, que fundou a maior instituição da América Latina em 1983, juntamente com Nelson Giovanelli, jovem que frequentava a paróquia.
Seguindo os três eixos da espiritualidade, trabalho e convivência, a entidade já recuperou mais de 20 mil vidas, entre 15 e 55 anos. E para explicar esse sucesso, Frei Hans disse que é preciso tratar a alma, que grita por presença de amor e família. “Nós não tratamos da parte química com medicamentos. Nós entendemos que a ferida na alma grita para alguma coisa e eles buscam preencher esse vazio. Todo mundo quer ser feliz, então experimenta encontrar na droga, na bebida, no sexo e se frustram sempre. Quando chegam ao fundo do poço, querem se matar. Então eles aceitam um convite que alguém faz para ir à Fazenda e encontram esse estilo de vida, de viver a palavra de Deus e o amor e isso preenche o coração e não precisa mais das drogas”.
Com um tratamento que dura doze meses, a Fazenda da Esperança aposta na abordagem da espiritualidade, por meio das palavras do evangelho que fazem um retorno ao sentido de vida –, porém não dispensa o atendimento psicológico usando a abordagem direta do inconsciente e o método psicanalítico da regressão –, e na desintoxicação natural, por meio do contato com a natureza, o cultivo de plantas e a criação de animais, o que ajuda a mudar a percepção dos acolhidos, uma vez que muitos deles nem sequer cuidavam de si. Para tanto, a entidade tem como foco o trabalho usado como terapia para afastar os malefícios da desocupação e da ociosidade para elevar a autoestima do interno, bem como a reinserção social e a descoberta de talento profissional.
“O trabalho é participar da criação do mundo que Deus fez. Se alguém aprende conosco a trabalhar, ter uma disciplina e se alegra, porque é uma bênção de Deus poder trabalhar, então ele pode voltar para a sociedade que sempre encontra serviço. O mundo hoje precisa de funcionários que saibam trabalhar com alegria, com responsabilidade e sabem criar relacionamento entre os funcionários. E eu tenho tantos exemplos, inclusive as firmas me pedem indicações”, pontua o Frei Hans.
Frei Hans pede apoio aos parlamentares pela aprovação do termo de filantropia nas CTs
No Congresso Nacional, infelizmente, há parlamentares que lutam contra à vida e os direitos básicos garantidos pela CF/88. A exemplo, no último dia 28, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei complementar 134/19, que traz novas regras para a certificação de entidades (filantropia) às quais a Constituição assegura a imunidade nas contribuições para a seguridade social.
“Quem pode entender que 251 votaram em favor das comunidades e, pelo sistema, 75 ganharam porque faltaram 6 votos? Não é justo e esse sistema precisa mudar. Eu confio que a maioria dos senadores vão ter bom senso e vão mudar a história. Se alguém acolhe involuntariamente, prende ou faz outras besteiras, isso não é comunidade. Generalizar um caso ou outro para todos, incluindo também a Fazenda da Esperança que tem mais de 100 comunidades, isso é ignorância muito grande. Nós temos mais de 4.500 acolhidos em nossas comunidades, vocês querem que nós mandemos todos de volta para a rua?”, questiona o Frei Hans.
Na oportunidade, o Frei pediu que os parlamentares invistam em melhorias para o acolhimento, tratamento e reinserção social para os dependentes químicos. “Eu quero dizer a todos, principalmente as mães e os pais que choram porque o filho está na droga, saibam que nós vamos lutar para seu filho ter um lugar digno”.
Ascom Imagineacredite