A Casa do Menor São Miguel Arcanjo, que completa 35 anos em 2021, realiza um trabalho ímpar com as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos sem perspectivas, devolvendo a cada um a dignidade, o amor, o respeito e a presença de família, que são os pilares essenciais para a formação de cidadãos de bem. E a ImagineAcredite traz a história de Fátima Fernandes, que está há 21 anos na instituição e é Coordenadora Administrativa da Casa do Menor em Rosa dos Ventos há 6 anos. Ela tem 56 anos, é casada, tem dois filhos e uma neta e conheceu a instituição no início dos trabalhos pois o padre Renato era o pároco na Paróquia São Miguel Arcanjo, igreja que ela frequenta até hoje.
“Eu sou moradora de Miguel Couto, há 56 anos e a Casa do Menor nasceu dentro da paróquia. E o padre Renato veio pra nossa paróquia e depois ele começou a cuidar dos menores que o procuravam. Então, a paróquia acompanhou a criação da Casa do Menor. E o trabalho desenvolvido é de resgate a vida dos excluídos. E a própria paróquia, a própria igreja discriminava o trabalho do padre Renato, porque ele é um padre que ajuda as crianças, os jovens, adolescente que a sociedade não quer. Então quando o padre Renato ia para as igrejas com os jovens, as pessoas falavam assim, “ah, o padre com os moradores de rua, o padre com o marginalzinho dele” e ele era discriminado. E isso machucava o coração do padre. Então, ele deixou a paróquia para criar a Casa do Menor”, expõe Fátima Fernandes.
Segundo ela, quando começou o trabalho na Casa do Menor, o que sempre a motivou foi a solidariedade e o amor ao próximo. “Infelizmente, até hoje, a sociedade exclui. Quem é a pessoa que sai do seu trabalho, do seu comodismo, vamos dizer assim, e vai pra Cracolândia, vai pra buscar morador de rua?”, questiona Fátima, ao lembrar que há dois anos a instituição fez um evento, “Amai-vos”, onde o padre Renato acolheu moradores de rua, prostitutas, dependentes químicos e fez uma ação social para não ter exclusão. “O padre criou a comunidade terapêutica para os moradores de rua lá em Tinguá”, pontua, que ainda lamenta que o país não tem políticas públicas eficientes para acolher a todos.
Fátima Fernandes elogia o padre Renato que tem a sensibilidade de acolher quem é menos favorecido. “Ele não faz distinção de raça, cor e religião. Ele prega o amor. Ele não prega a religião. Ele busca católicos, pastores, evangélicos, espíritas, tudo para ajudar, pra se juntar e fazer o bem ao próximo. E a Casa do Menor é uma família, que as vezes você briga, discute, se desentende, porque a família são pessoas diferentes, pensamentos diferentes, mas que se amam e se respeitam. Então, isso é ser família, com pensamentos diferentes, mas com um único objetivo que é ajudar o próximo”, afirma.
Hoje ela é Coordenadora Administrativa, em Rosa dos Ventos, e explicou como funciona a unidade que completou 15 anos. “Eu tenho 6 anos que trabalho aqui. A Casa do Menor de Rosa dos Ventos é um desenvolvimento comunitário, que não é acolhimento. Nós temos a creche comunitária que atende 75 crianças de dois a cinco anos de idade. Temos aqui os cursos profissionalizantes e o trabalho com as famílias”, diz Fátima Fernandes. A unidade tem seis educadoras na creche, uma cozinheira, um serviços gerais e um coordenador pedagógico, que é o Valdecir. E a Daniele é Coordenadora Pedagógica dos cursos de desenvolvimento comunitário.
Antes na unidade só tinham os cursos de Cabeleireiro e Informática. Depois, com os projetos de emendas parlamentares, a demanda aumentou, passando a oferecer seis cursos que são: a Elétrica Predial, Informática, Assistente Administrativo, Cabeleireiro, Barbeiro e Manicure. “Nós não tínhamos uma quadra, era uma horta e era desativada. Então, Padre Renato, viu a nossa vontade de termos um espaço onde poderíamos tá atendendo mais pessoas e nós fomos contemplados com o projeto da construção de uma quadra. Essa quadra já existe há três anos e depois que essa quadra foi construída, nós aumentamos o nosso atendimento com atividades culturais e esportiva. Hoje nós temos o esporte, a dança, a percussão e o circo. Agora vamos mudar a oficina de circo para uma outra atividade. E nós também atendemos aqui a comunidade”, revela.
E a doação de amor e cuidado ao próximo, motiva Fátima a todos os dias ir à instituição para dar seu melhor a cada acolhido. E o trabalho social, de ajudar o próximo, está sempre presente em sua família. “Eu venho de uma família ecumênica. Eu e meus pais nós somos católicos. Minha irmã é espírita. Meu irmão é presbítero da Assembleia de Deus. E o meu pai sempre foi uma pessoa muito solidária com a comunidade. Então, ajudar as pessoas independente de alimentação, de um transporte, de financeiro, a minha família sempre foi muito solidária. Esse trabalho social de ajudar a quem precisa, sempre me motivou muito. Meu pai tinha um comércio e ele sempre doava alimentos para a creche todos os dias e a gente fazia trabalho na igreja, na comunidade Nossa Senhora de Fátima”, detalha Fátima, que é Ministra de comunhão há seis anos, após um pedido especial do Padre, em Miguel Couto. “Eu entrei no Ministério da Comunhão e tô até hoje. Então, isso me fortaleceu mais a minha caminhada religiosa”, declara.
Ao ser questionada o que representa o Padre Renato, ela o agradece pelos ensinamentos. “É meu pai espiritual. Porque eu conheço o padre Renato desde antes da Casa do Menor. Então, teve vários momentos na minha vida que ele me orientou muito, me ajudou muito. Muitas vezes eu tive muitas dúvidas na minha vida e eu busquei uma orientação dele. Então ele sempre me orientou, me deu um discernimento, um norte. Hoje eu continuo casada, devido aos muitos conselhos que ele me deu. Então, eu tenho uma vida, assim, hoje, graças a Deus, a ele”, finaliza.
Ascom ImagineAcredite