A Casa do Menor São Miguel Arcanjo, que completa 35 anos em 2021, representa uma grande família ao acolher as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos sem perspectivas e dando a oportunidade para cada um escrever um novo capítulo cheio de vitórias. E para acompanhar os passos dos acolhidos, a ImagineAcredite traz a história do pai social Diácono permanente Carlos, que há 15 anos acolhe, protege, ama e ensina cada criança, adolescente e jovem que chega a Casa do Menor a crescer e evoluir. Mas antes vamos entender como o Diácono chegou à instituição.
Tudo começou quando ele passou em um concurso público para Educador Social e foi morar, em Nova Iguaçu, de aluguel na casa de uma senhora. Porém, como o prefeito ainda não tinha promulgado os novos funcionários, e ele precisava de um emprego para pagar o aluguel, uma vizinha o apresentou a instituição que estava precisando de um pai social em Miguel Couto. Na época a Casa do Menor estava completando 21 anos.
“Eu vim para Miguel Couto e, na época, estava chovendo e tinha um senhor gritando no caminhão dizendo, “parem de matar nossos filhos, nossos meninos”. Só que eu nem sabia realmente quem era a pessoa. E eu estava na calçada e a vizinha dessa senhora estava lá quando me viu e falou: “vem cá, vou apresentar o coordenador da Casa”. Na época era o Vagner, dei o currículo pra ele e ele falou, você precisa trabalhar? Eu falei, preciso. Aí ele, “eu preciso de um pai social, mas é pra começar segunda-feira”, isso era no sábado. Eu falei, eu só preciso ajeitar o lugar que eu tô, porque nem lugar pra morar eu tenho. Aí ele falou, mas agora você tem a Casa do Menor, você vai ser pai social lá”, lembra o Diácono Carlos.
Para ele, ser pai social é ter o coração bom que ama e tem responsabilidades na reeducação dos meninos abandonados que são acolhidos pela Casa do Menor. “Na minha vida eu fui muito amado principalmente pela minha mãe, menos o meu pai que não me aceitou como filho. E aí, quem fez essa função foi o tio. Então, fui muito bem acompanhado, nesse sentido. E quando eu cheguei na Casa do Menor, pra ser pai social, eu percebi que os meninos tinham mesma história que eu no sentido do pai rejeitar, não ter a presença do pai. Mas quando encontra alguém que ama ele, que interessa pela história dele, então ele começa a dar outro passo. Então, pra mim, pai social você dar pro outro aquilo que você tem de melhor, que é o amor”, detalha o Diácono.
Segundo o Diácono, o que mais chama a atenção dentro do projeto da Casa do Menor é a presença do amor e a família. “Esse amor que remete ao novo, porque eu percebi que ao longo do tempo só deu passos novos quem sentiu amado. Quem não sentiu amado, não conseguia dar passos. E esse amado, ele significa uma atenção, um ouvido, uma conversa, ir atrás do que está perdido nas drogas, agora com os últimos gritos, dá um prato de comida, coisas simples do dia a dia. Então foi isso que eu senti ao longo dessa trajetória”, pontua.
E a experiência com as crianças, para o Diácono, é ver Jesus em cada uma delas, que vem de várias realidades como do tráfico, das drogas e de conflito familiar. “Eu aprendi isso com o padre Renato e também com os focolares de identificar Jesus nessa realidade. Então Jesus abandonado, o Jesus ressuscitado um Jesus silencioso. Então, tudo é Jesus que chega até mim, sem deixar de ter o pé no chão. Não é uma fantasia, é uma realidade em forma divina, dentro do humano. Então, pra mim é tudo forte”, diz o Diácono, que explica a figura educativa do pai social dentro da Casa do Menor.
Nessa vocação e missão, o que mais o fortaleceu foi sentir a presença de Jesus. E ser pai social é acompanhar e ser referência, como, por exemplo, levar a escola, ao médico, para atividade esportiva, para o curso e por aí vai. “O pai social vai fazer sempre esse acompanhamento, porque esses meninos estão em medida protetiva. Então precisa da figura do educador. Pra nós não é educador, é pai social, pra criar essa referência de pai e dá novos passos”, esclarece o Diácono, ao revelar que estudou Filosofia e Teologia, além de ter morado em um Seminário e, posteriormente, foi para a Casa do Menor fazer a Pastoral.
Ele ainda expôs por que a escolha de ser Diácono permanente. “O Cristo Servidor pra mim me chama muita atenção. E, principalmente, agora, onde a sociedade te ensina a mais ter do que ser. O sacerdócio é uma responsabilidade maior no sentido da dinâmica espiritual. E o Diácono ele é o servidor menor, no sentido de estar ali, na caridade, na palavra, estar mais presente na vida social do povo”.
E o Diácono garante que pretende continuar nessa missão com as crianças e adolescente que transformaram sua vida. “O amor de Deus nessa realidade eu sinto até hoje, quando eu escuto alguém, acolho, quando vejo que alguém teve a sua vitória ou tá na sua derrota, tudo isso é amor de Deus”, justifica. Ele ainda deixa uma mensagem de esperança. “A gente está vivendo um novo tempo. Então, acho que ser servidor nesse novo tempo é justamente fazer o que Jesus fez de forma concreta, sem muita teoria, mas com atos concreto de amor. Dar uma comida pra quem tem fome, dar um copo de água, escutar, abraçar mesmo a distância, tomando esse protocolo de saúde, mas dizer: estamos aqui”, finaliza.
Ascom ImagineAcredite