Depois de ser entrevistado pelo Portal Imagineacredite, o padre Renato Chiera, fundador da Casa do Menor ou simplesmente o pai das ruas e das cracolândias, foi tema de uma reportagem especial divulgada pelo Vatican News. Nela, é contada a história de um sacerdote que escolheu abraçar Jesus Cristo por meio dos não amados, dos rejeitados e marginalizados da sociedade brasileira.
Com 77 anos, ele contou a jornalista Silvonei Protz, que desde a sua infância em Piemonte, no norte da Itália, queria ser como São João Bosco e que ingressou no seminário justamente para viver pelos outros. Nessa época, ele sentia seu coração apertado, pois queria explorar novos espaços, foi quando o bispo de Mondovì lhe propôs a possibilidade de ser missionário no Brasil, na diocese de Nova Iguaçu, a grande e violenta periferia do Rio, como sacerdote Fidei Donum.
Diante de tal sentimento, Chiera logo aceitou o convite e decidiu – diante da dura realidade encontrada – vivenciar a sua catedral junto ao povo desenraizado, sem esperança e não amado, que em sua maioria estavam condenados à morte ou envolvidos com a violência e as drogas. “Não vim ao Brasil para ser um padre coveiro, mas para salvar vidas”, disse, com a sensação de impotência.
E foi justamente com o sentimento de impotência que ele lembra que a Casa do Menor São Miguel Arcanjo surgiu devido ao grito de um adolescente condenado à morte que a havia lhe procurado para evidenciar a dureza daquela da vida naquela periferia. “Na sua paróquia, em um só mês, já mataram mais de 36 adolescentes. Vai deixar que matem todos nós? Ninguém fará nada?”, relembrou acrescentando que o nascimento da obra era fruto do seu olhar a cristo naqueles menores.
Para o padre, os menores que têm acolhido são filhos do abandono, que é fruto de um aborto comunitário. Neste cenário – segundo descreve a jornalista – as vítimas perambulam pelas ruas com o olhar perdido no nada, como mortos vivos, rejeitado por todos, estrangeiros na sua própria terra, desarraigados, sem referências, sem rumo, sem sonhos nem futuro.
Por isso, o padre destaca que a Casa do Menor é uma mãe comunitária que não abandona as crianças de rua, mas ajuda-os a ressurgir como filhos amados por Deus. Tanto é que em 33 anos, mais de 100 mil menores foram acolhidos, sendo que hoje 70 mil deles tem uma profissão e um futuro. Diante disso, com frequência, o padre Renato diz que daria a própria vida “para salvar uma só criança ou um só adolescente”.
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Por Sérgio Botêlho Júnior