Editorial: Comunidades Terapêuticas não podem ser criminalizadas por falsas instituições

É bem verdade que em todos os setores da sociedade globalizada existem ônus e bônus. Em partidos políticos, por exemplo, existem pessoas honestas e comprovadamente desonestas. Por isso, no segmento das comunidades terapêuticas essa triste realidade também existe, mas com uma única exceção: somente as verdadeiras CTs conseguem restaurar vidas desgraçadas pelas drogas.

Entretanto, como a nova política sobre drogas do governo federal as reconheceu como prestadoras de um serviço de excelência no tratamento e reinserção social de dependentes químicos e, portanto, o novo governo pretende ampliar para 20 mil o número de vagas financiadas em CTs, setores da imprensa nacional iniciaram uma caminhada para desqualificar as chamadas comunidades terapêuticas.

No último dia 31 de maio, por exemplo, o site The Intercept Brasil divulgou a reportagem intitulada “A VIDA DOS INTERNOS EM COMUNIDADES TERAPÊUTICAS É PULAR DE INFERNO EM INFERNO”. Nela, são explanados alguns tristes e lamentáveis relatos de famílias que, na tentativa de salvar os seus filhos da dependência química, acabaram colocando-os em instituições ditas CTs, mas que iam de encontro a todo o modus operandi de uma verdadeira CT. Uma vez que seu tratamento se utilizava, por exemplo, da superdosagem de medicamentos, além de outros abusos.

Como resultado, todas, senão a ampla maioria das ditas CTs elencadas na reportagem foram fechadas por força judicial. Afinal de contas, elas feriam os direitos humanos, fortaleciam a dependência química e agravava a saúde física e mental dos seus “internos”, seja pela superdosagem medicamentosa ou abusos físicos e psicológicos. Desta feita, além de serem alcunhadas de clínicas, essas ditas CTs não eram capazes de apresentar qualquer cura, nem mesmo as dos seus dirigentes.

Nesta contramão, figuram instituições de renome e que realmente desenvolvem o conhecido e reconhecido pelos três poderes da República Federativa do Brasil, o tratamento terapêutico. Entre essas instituições estão a ONG Salve a Si, que resgatou a vida do José Henrique França; a Casa do Menor São Miguel Arcanjo, que retomou a atividade terapêutica em Nova Iguaçu-RJ; o Instituto Padre Haroldo, que praticamente fundou o segmento de CT no Brasil; e a Fazenda da Esperança, que além de cuidar dos dependentes também auxilia as famílias destes; a Fazenda da Paz, que salvou a vida do Célio Barbosa; além da Desafio Jovem de Brasília, do Instituto Crescer e da Cruz Azul.

E são apenas as verdadeiras instituições que desenvolvem o trabalho de comunidade terapêutica que têm recebido o devido respaldo do governo federal. Uma vez que elas atuam de acordo com o que diz a Resolução da Diretoria Colegiada, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde – RDC 29/ANVISA e pela Resolução nº 1/2015, do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD).

Para se ter uma ideia, diferentemente dos métodos adotados pelas CTs elencadas pelo The Intercept, Salve a Si, Instituto Padre Haroldo, Fazenda da Esperança, entre outros, respeitam as citadas normativas, as quais afirmam que o acolhimento em CT é em regime residencial, de forma temporária e exclusivamente voluntário. Sem contar que o principal instrumento terapêutico utilizado nas Comunidades Terapêuticas durante o tratamento é a convivência entre os pares. Uma vez que é por meio disto que elas buscam promover a abstinência e sem o auxílio ou intervenção de medicamentos.

O Portal Imagineacredite detalhou o que realmente é uma comunidade terapêutica em sua primeira reportagem. Relembre: Comunidades terapêuticas: entidades que trabalham para recuperar dependentes químicos.

E é justamente por seguir tais parâmetros e conseguir restaurar vidas que as verdadeiras comunidades terapêuticas juntamente com seus grandiosos legados e a nova política antidrogas não podem ser criminalizados por falsas instituições que não são capazes nem de manter a lucidez psíquica dos que estas dizem acolher.

Por isso, o governo federal acerta quando cria o mapa virtual das comunidades terapêuticas no Brasil. Com isso, as famílias dos dependentes químicos passam a ter acesso as verdadeiras CTs, bem como ganham a oportunidade de saberem onde poderão conseguir uma vaga financiada para, posteriormente, ter uma nova vida dentro das suas casas.

Por Sérgio Botêlho Júnior

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