Depois de acolher centenas de milhares de homens e mulheres em situação de rua que necessitavam de um teto para atravessar a pandemia de covid-19, o Frei Hans Stapel OFM, em mais um gesto de amor, deixou a sua vida na Fazenda da Esperança, arrumou as malas e passou uma semana em Brasília-DF com um único objetivo: transformar R$ 36 milhões em R$ 330 milhões no orçamento da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania (Senapred-MC), para garantir a continuidade do financiamento de vagas para dependentes químicos em comunidades terapêuticas.
A luta foi árdua e, apesar da idade avançada, ele – acompanhado de uma comitiva de defensores da vida (o atual Senapred, Quirino Cordeiro, os representantes da Confenact e Cruz Azul, Adalberto Calmon e Rolf Hartmann, respectivamente, além do Frei Rogério) – conversou com o presidente e a primeira-dama do Brasil, Jair e Michelle Bolsonaro; com o ministro da Cidadania, João Roma; com o relator da CMO, deputado Márcio Bittar; com a senadora Eliziane; com a deputada professora Dorinha, além de uma vasta lista de deputados e senadores, responsáveis por aprovar o novo Orçamento do Governo Federal. Como resultado de toda a empreitada, o Congresso Nacional elevou o orçamento da Senapred – pode-se dizer aos 45 minutos do segundo tempo – de R$ 36 milhões para R$ 186 milhões, o mínimo necessário para manter os contratos firmados pela pasta até 2020.
Após a empreitada, o Frei Hans concedeu uma entrevista ao Imagineacredite. Na oportunidade, ele destacou que – diferentemente do que muitos imaginavam – a missão não era impossível. “Para mim, quando alguém diz “impossível”, provoca algo dentro de mim, não sei de onde vem, talvez por minha natureza, que nasci depois da guerra, onde tudo era destruído e eu vi que meu povo na luta conseguiu construir. Onde existe pessoas unidas, com a bondade e luta juntos, tudo é possível. E isso eu quis fazer pensando nessa multidão de jovens que precisa dessa ajuda pra não voltar para as ruas”, argumentou.
Ele ainda observou que fez todos os esforços pensando tão somente naqueles que não têm nada. “O argumento que eu tinha de dizer ao presidente, a primeira-dama, aos ministros, ministras, e tantos deputados e senadores, o argumento era muito forte. Eu dizia: “não tira daqueles que não têm mais nada, mas tenha coragem de tirar onde tem sobra”. Alguns ganham muito, alguns recebem demais, escandalosamente demais. E agora tirar daqueles que não tem nada? Isso não é possível. E como eles não têm voz, não são ouvidos. Então eu sinto, eu tenho que falar, gritar, e sempre insistir até o último ser atendido”, diz.
E completa: “Então, pra mim, era claro que não podia fazer o que estava planejado, aprovar só R$ 36 milhões. Seria um escândalo! Politicamente um absurdo, socialmente impossível de aceitar! E economicamente ficaria mais caro para o governo, porque os acolhidos estariam voltando para as ruas, voltando para a criminalidade nas prisões, nos hospitais, na saúde e quanta coisa que eles façam de mal que, realmente, não é possível de admitir. Graças a Deus, encontramos muitos que lutam juntos.
O próprio presidente se empenhou muito, fico muito grato. A primeira-dama nem se fala, desde o primeiro momento ela se tornou parceira nossa, lutou junto. Aqui por dia contar muitos nomes, os ministros, deputados, senadores, muitos, muitos lutaram juntos e estamos conseguindo. Se falta ainda alguma coisa, é só uma questão de tempo e nós vamos dizer: “vencemos a batalha”. Mas não para descansar, mas para continuar gritando e dizer ao povo inteiro: “acorda Brasil, seja mais justo, seja mais honesto, seja mais fraterno”, para depois todos poder viver uma vida em plenitude, uma vida onde não falta nada, nem saúde, nem educação, nem alimento, porque esse país abençoado por Deus é muito rico. Então eu faço voto que essa pandemia venha nos acordar para sermos irmã e irmão um do outro”.
Por Sérgio Botelho Junior