A corrida pela Casa Branca esquentou! Desde a noite da última terça-feira, 10, o mundo não fala em outra coisa a não ser a vitória da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris (Democrata), no primeiro debate direto contra o magnata e ex-presidente americano, Donald Trump (Republicano).
Em seu primeiro embate desde a desistência do presidente Joe Biden, Kamala assumiu a postura de Procuradora de Justiça, função que exerceu antes de ingressar na política, e atacou o candidato republicano que, em diversos momentos, acabou ficando na defensiva, algo que ele não está acostumado.
Além disso, Kamala se utilizou de diversos recursos comunicacionais para descredibilizar as colocações do seu adversário, que – embora seja um experiente debatedor – foi corrigido pelo mediador duas vezes, o que endossou a posição da democrata. Uma prova disso está nos risos e gestos irônicos adotados por ela e mostrados para o mundo quando Trump falava e tentava colocá-la em situações delicadas.
Após o debate, a candidata democrata afirmou, pelas suas redes sociais, estar virando a página e ainda convidou os americanos a juntarem-se a ela. Por outro lado, Trump afirmou que este foi o seu melhor debate e foi mesmo, pois estava mais coeso do que no anterior em que esmagou o presidente Biden. Porém, uma pesquisa qualitativa realizada pelo jornal “The Washington Post” com 25 eleitores indecisos de estados decisivos consagrou a vitória de Harris.
Para 23 dos 25 entrevistados, a vice-presidente foi melhor que o ex-presidente. Eles concordaram mais com Kamala quando ela falou sobre saúde, aborto e Ucrânia. Por outro lado, Trump foi ligeiramente mais bem avaliado ao falar sobre economia. Além disso, a maior parte dos eleitores disse que as afirmações de Trump sobre imigração não faziam sentido, a exemplo daquela em que ele disse que imigrantes estavam roubando e comendo pets de moradores de uma cidade de Ohio, o que é falso.
Outro fator que reforça a vitória democrata depois da crise aberta naquele em que Biden participou foi a postura de diversos veículos da imprensa americana, que reconheceram o bom desempenho de Harris frente a Trump, que agora precisará repensar a sua estratégia para não ficar nas cordas durante os próximos debates.
E o Brasil, o que tem haver com isso?
A importância econômica dos Estados Unidos para o Brasil é indiscutível, já que se trata de um dos principais parceiros comerciais. Portanto, ter um presidente alinhado ou parceiro do mandante de plantão no Planalto Central é indispensável. Porém, o debate trouxe alguns apontamentos interessantes para a política brasileira. Entenda!
Reza a lenda que o que acontece na política americana, acontece no Brasil. Sendo assim, uma vitória de Harris não seria um sinal nada positivo para o bolsonarismo tradicional, que é muito alinhado com o ex-presidente Donald Trump. Coincidência ou não, atualmente, esse mesmo bolsonarismo enfrenta agora dois grandes adversários: O candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal, que tem tudo para derrotar o prefeito Ricardo Nunes, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seu potencial sucessor na corrida presidencial vindoura, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas; e a esquerda, liderada pelo Partido dos Trabalhadores e o presidente Lula.
Outro fato que pode impactar a política brasileira é a inclusão da participação do mediador desmentindo informações falsas em meio aos debates. Se essa moda for adotada pela mídia brasileira, os debates presidenciais farão muitos dos candidatos terem que suarem a camisa para não cairem no descrédito e se consagrarem como o mais preparado.
Por Sérgio Botelho Junior e Thiago Farias