Washington foi palco de um momento histórico em 20 de janeiro de 2025, quando Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos pela segunda vez, após um intervalo de quatro anos fora do cargo. Em um cenário político profundamente polarizado, o republicano começou seu mandato com uma série de medidas que reafirmam seu compromisso com a base conservadora, mas que também levantam questionamentos dentro e fora do país.
O discurso de posse de Trump trouxe o tom de mudança que marcou sua campanha, com promessas de “restaurar a grandeza e a ordem” nos Estados Unidos. Entre as prioridades anunciadas, destacaram-se ações voltadas para a imigração, identidade de gênero e questões territoriais envolvendo o Canadá e a Groenlândia. Suas primeiras ordens executivas já sinalizam que este segundo mandato será tão ou mais polêmico que o primeiro.
No âmbito interno, uma das medidas mais debatidas foi o reconhecimento oficial de apenas dois gêneros, masculino e feminino. A iniciativa foi defendida por Trump como uma forma de “proteger a identidade biológica e os valores tradicionais”, mas organizações de direitos humanos criticaram a decisão, alegando que ela desconsidera a existência e os direitos das pessoas transgênero e não-binárias. O impacto dessa medida no sistema educacional e nas políticas de saúde ainda está sendo avaliado.
Outra ação imediata foi a declaração de emergência nacional na fronteira sul do país, com o objetivo de intensificar a deportação de imigrantes ilegais, especialmente aqueles com antecedentes criminais. Trump descreveu a medida como necessária para a segurança nacional, mas ativistas e especialistas apontam que as deportações em massa podem desestabilizar comunidades e afetar a economia, especialmente em setores que dependem de mão de obra imigrante. A promessa de acabar com a cidadania por nascimento também provocou controvérsias e deve enfrentar batalhas legais nos tribunais.
Em sua política externa, Trump reacendeu discussões territoriais que haviam sido abandonadas após seu primeiro mandato. Ele voltou a mencionar o interesse dos Estados Unidos pela Groenlândia, justificando a ideia pela posição estratégica e pelos recursos naturais da ilha. A resposta foi rápida: tanto a Groenlândia quanto a Dinamarca reafirmaram que a ilha não está à venda. Paralelamente, Trump sugeriu a possibilidade de anexar o Canadá como o 51º estado norte-americano, algo que foi imediatamente rechaçado pelo primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, que classificou a ideia como uma afronta à soberania nacional.
Entre suas medidas econômicas, o presidente anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México, como parte de sua estratégia para fortalecer a produção interna e combater o tráfico de drogas. Especialistas, no entanto, alertam que essa política pode aumentar os custos para consumidores americanos e gerar tensões com os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
A abordagem de Trump também incluiu ações de caráter cultural, como a proibição de programas de treinamento sobre diversidade e inclusão em agências federais, sob o argumento de que essas iniciativas promovem “divisões desnecessárias”. Além disso, ele firmou seu compromisso em reforçar a exploração de petróleo e gás em terras federais, desafiando as políticas ambientais de seu antecessor e reacendendo debates sobre as mudanças climáticas.
Apesar das críticas, o apoio à agenda de Trump permanece sólido entre seus eleitores, que o veem como um líder que enfrenta de frente as questões que consideram prioritárias.
Foto: Greg Nash/Pool via Reuters