Nesta semana teve início o Setembro Amarelo, que nada mais é do que um conjunto de ações dos governos brasileiros com vistas à prevenção da ocorrência de novos suicídios. E como este tema ainda é muito delicado para lidar no seio social, todo o mês de setembro é dedicado para a conscientização tanto das vítimas em potenciais, quanto da população em geral.
Neste sentido, a psicanalista clínica, Monica Marchese Damini, divulgou um artigo em seu blog informando que a dependência química é uma doença silenciosa e que merece atenção da população, sobretudo dos pais de jovens entre 18 e 25 anos. Uma vez que é nessa época que o córtex cerebral pré-frontal está se formando e acaba sendo sequestrado pelas substâncias psicoativas (álcool, maconha, cocaína e afins), o que torna o indivíduo incapaz de tomar sabias e saudáveis decisões.
“Então, é bastante delicado quando ouvimos discursos diminuindo a importância dos efeitos do uso de drogas, principalmente na adolescência. Não é simples e tem consequências sim! O sistema de recompensa fica liberando Dopamina o tempo todo e nada mais na vida consegue dar prazer ao dependente da mesma forma, apesar de parecer contraditório, isso tira todo o prazer dele e pode ser um caminho para o suicídio”, argumenta.
Além disso, ela ainda destaca que os diversos tipos de drogas (álcool, maconha, cocaína, crack etc.), por conseguirem a recompensação mental, fazem com que o dependente químico pense que não precisa mais de nada, deixando assim que as substâncias controlem suas emoções. E isso, segundo a psicanalista, faz com que ele procure fugir para o seu próprio mundo, o que pode inclusive fazer com que, mesmo diante de profissionais, ele nem comente do seu uso de substâncias psicoativas.
“Na adolescência, são fatores de risco tanto pais ausentes, como pais rígidos demais, e o caminho do meio sempre é o mais indicado. Estar integrado a um grupo também é muito importante para eles. Pulso firme e limites são importantes e necessários. […] No início da Dependência Química, ninguém vê prejuízos, eles vêm sem aviso, a doença começa sem dar sinais, o amortecedor químico se adapta no Sistema Nervoso Central, fígado e células. [..]Amor e não julgamento são as ferramentas necessárias aos familiares, mas a ajuda profissional é imprescindível”, orienta.
Álcool aparece como o grande vilão
Para quem ainda pensa que o álcool não faz mal algum, a psicanalista alerta que é por meio dele que a dependência química começa, bem como abre margem para o uso de substâncias ilícitas. “O abuso de álcool e drogas somam risco aos pacientes com outras patologias e pode ser fator facilitador da tomada de decisão de cometer o suicídio”, diz.
E completa: “O álcool muitas vezes libera a agressividade da pessoa, e quando essa a possui como grande tendência, fica exposta a mais riscos, já que o nosso Superego, nosso sensor interno, é solúvel em álcool. Ela se utiliza da intoxicação aguda de álcool para desinibir e fica ainda mais alterada se houver medicação misturada. Em mulheres, o abuso de álcool também está associado ao maior número de violência sexual”.
As alternativas contra esses fatores
Preocupado em preservar as vidas, o novo governo federal publicou, em abril deste ano, a sua nova Política Nacional Sobre Drogas. Por meio dela, o cidadão ganhou a oportunidade de tratar os dependentes químicos por meio de clínicas de psiquiátricas, bem como por meio de comunidades terapêuticas. Aliás, estas últimas foram reconhecidas como prestadoras de serviço de excelência, por conseguirem resgatar vidas, promovendo a abstinência na vivência comunitária e profissional.
Além disso, o texto do governo federal também reconhece a importância de entidades e grupos de mútua ajuda, a exemplo dos Alcoólicos Anônimos, Grupo Esperança Viva, entre outras instituições deste segmento do terceiro setor. Por isso, vagas estão sendo financiadas em CTs, tanto que houve um salto de dois para 12 mil vagas financiadas em menos de um ano. Sem contar, que novos editais para vagas em CTs e grupos de mútua ajuda devem ser divulgados até o final deste ano.
Também é importante destacar que os serviços prestados pelas CTs são gratuitos e, em muitos casos, são apenas ofertados para o dependente que realmente deseja se recuperar. Por isso, foi legalizada a internação involuntária, pois ela busca fazer com que o indivíduo recupere a sua sanidade mental junto a órgãos de saúde, para assim poder decidir o seu futuro.
Outra medida que merece respaldo é a divulgação da campanha nacional contra o uso de drogas, pela Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (SENAPRED) do Ministério da Cidadania. Ela busca conscientizar justamente os jovens brasileiros de que a liberdade nunca existirá se houver o consumo de drogas. A mensagem tem sido veiculada nas diversas plataformas midiáticas.
Diante de todas essas medidas, o Portal Imagineacredite deixa uma mensagem aos pais, amigos e familiares: Estejam atentos a todos que os rodeiam, pois quem menos parece sofrer, na maioria dos casos, é justamente quem está mais propenso a cometer suicídio ou ingressar no mundo perverso das drogas.
Por Sérgio Botêlho Júnior e Thiago Farias