Troféu Mulher 2024: Embaixada de Cameroun homenageia mulheres pelas contribuições ao progresso social 

A entrega do Troféu Mulher 2024 foi realizada pela Academia Internacional de Cultura (AIC) na Embaixada de Cameroun. O evento reuniu embaixadores de dez países e mais de trinta acadêmicos da instituição. O embaixador Martin Agbor Mbeng e a embaixatriz Laura Mbeng, representantes de Cameroun, assumiram o papel de anfitriões do evento. O fundador da Imagine Acredite, jornalista Sérgio Botelho Junior, esteve presente.

O Troféu Mulher é uma homenagem às mulheres de destaque em seus campos de atuação, reconhecendo não apenas a excelência, mas, também, o compromisso e a maestria demonstrados ao longo de suas jornadas. 

Uma das homenageadas foi a Ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon. Questionada sobre quais são as principais barreiras que as mulheres enfrentam ao buscar oportunidades de liderança e influência na política a ministra pontuou que “vivemos em uma sociedade ainda machista e os homens precisam aprender a dividir o poder com as mulheres, porque existe muito a história de ‘não sou machista’, ‘as mulheres têm o seu lugar de igualdade conosco’, mas na hora de dividir o poder é muito difícil. A maior arma que a mulher pode ter é exatamente ela ser competente no que faz.”

A ministra Eliana foi a primeira mulher a integrar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde desempenhou um papel crucial no combate à corrupção e na promoção da ética no Judiciário brasileiro. A ministra afirma não saber se sofreu ou não discriminação de gênero. “Me perguntam se eu nunca sofri descriminação, e eu não sei! Porque se me discriminou ficou sozinho, porque eu estava seguindo o meu caminho e não parei para reparar quem estava me discriminando e se atravessasse o meu caminho, eu tirava, mas eu tirava com competência, com seriedade, mostrando como que tem de ser o trabalho da mulher”.  

Mesmo após a sua aposentadoria, continuou a ser uma voz ativa na área jurídica. Defendendo a independência do Poder Judiciário, a jurista diz que atualmente estamos evoluindo em relação às mulheres em lugares de poder. “Nós estamos avançando, mas ao mesmo tempo nós estamos criando barreiras que foi um grande problema de quando as mulheres começaram a se empoderar, que havia uma divisão entre homens e mulheres”.

 Calmon citou uma Resolução do Conselho Nacional de Justiça que visa a abertura de promoções de magistrados por merecimento, com listas mistas e exclusivas de mulheres, até que seja atingida a paridade de gênero no Tribunal. “Essa questão de se fazer uma lista de promoção só de mulheres, deixando que os homens fiquem de lado, isso está criando um problema muito sério para as mulheres no Poder Judiciário. Então nós, que tínhamos a expectativa de ir vencendo com o tempo, estamos retroagindo com essa grande dificuldade que estamos percebendo dessa divisão entre homens e mulheres, mas sem dúvidas alguma as mulheres têm avançado bastante no seu empoderamento” finalizou a jurista.

Empoderamento feminino através da Segurança Pública

Também foi homenageada a Coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) Ana Paula Barros que é reconhecida pelo compromisso com a integridade, profissionalismo e eficiência no combate à criminalidade e proteção da população. Indagada sobre como é ser mulher no meio da Segurança Pública e como unir a dualidade da mulher para exercer bem a profissão, Ana Paula diz que “as mulheres conseguem estar onde elas quiserem. A mulher já protege desde sempre a sua família, protege o seu filho e tem aquele ‘ar maternal’ e de cuidado, a mulher consegue proteger a sociedade com muita tranquilidade e a partir daí a gente une a dualidade entre força e cuidado para conseguir cuidar da sociedade”. 

Como Coronel, Ana Paula Barros tornou-se uma referência na área de segurança, contribuindo para a implementação de políticas e estratégias voltadas para a redução da violência e o fortalecimento do sistema de Segurança Pública do Distrito Federal.    

Mulheres que transformam a Política no Brasil

No conjunto das homenageadas, a deputada pelo Distrito Federal Paula Belmont se destaca pela sua atuação como parlamentar em temas como a educação, saúde e defesa dos direitos das mulheres e das crianças. Abordada sobre quais são os maiores desafios enfrentados pelas mulheres no cenário político atualmente, a deputada fala sobre o número de mulheres na atual legislatura.

“Eu sou de uma Legislatura que nós conseguimos dobrar o número de mulheres na Câmara Federal e agora na Câmara Legislativa. Nós só temos quatro parlamentares, é muito pouco ainda! Então a nossa maior dificuldade é colocarmos mulheres no poder, nós, mulheres, temos que nos colocar à disposição da sociedade e incentivar outras mulheres a entrarem no poder”, afirma Belmont.

Focada na defesa dos direitos das mulheres, a parlamentar frisa que “muitas políticas acontecem exatamente porque nós somos mulheres, porque às vezes passa despercebido. Então, a proteção em uma violência doméstica acontece pela sensibilidade de uma mulher. A maior dificuldade é termos mais mulheres em lugares de liderança, nós temos que incentivar e dar meios para que elas possam ser políticas”.

Questionada sobre a insegurança que as mulheres sentem em estar no meio político Belmont deixa claro que “dar a mão uma para outra e incentivar que elas sejam eleitas e a população feminina, nós somos mais da metade da população, se a população feminina votar em mulher, nós estaremos pelo menos metade representadas. Então nós temos que mudar a cabeça das mulheres para votarem em mulheres”. 

Inspiração e Inovação

Ainda na lista das homenageadas, a presença da Embaixatriz de Cameroun, Laura Mbeng, que também assumiu o papel de anfitriã, foi notória. Durante o evento realizado na sede da Embaixada, a embaixatriz expressou seus sentimentos em relação à ocasião e discorreu sobre a oportunidade de compartilhar aspectos da cultura de seu país. “Primeiramente, eu me senti em casa aqui no Brasil e receber esse prêmio, pra mim, é dizer que atrás de toda mulher de sucesso, têm mulheres que apoiam mulheres”.

A embaixatriz organizou um desfile que apresentou as vestimentas tradicionais de seu país ao som da música local, o Makossa.

O embaixador Martin Mbeng, manifestou sua satisfação em sediar tão distinta solenidade na Embaixada. “Nós nos sentimos honrados e felizes, pois a cultura é uma coisa universal e essa troca é essencial para nós”.

Ao final da noite, a presidente da Academia, Shirley Pontes, expressou sua alegria com o evento e discorreu brevemente sobre a seleção das homenageadas: “A Academia Internacional de Cultura tem um Comitê e a gente passa o ano inteiro olhando, mapeando uma pessoa que fez um trabalho legal, uma pessoa que teve uma atitude especial. Este ano nós tivemos duas Coronéis, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, mulheres que merecem essa exposição e a gente vai procurando”. 

A presidente destacou que a Academia busca mulheres de diferentes profissões: “A nossa intenção é uma professora, uma artista, uma jornalista, uma juíza, uma advogada, uma ministra e trazer essas pessoas”. 

Um dos critérios dos organizadores é não homenagear muitas pessoas de uma vez para que o evento não fique cansativo, o foco da organização é promover uma solenidade onde todos se sintam únicos.  

A Academia Internacional de Cultura é uma instituição sem fins lucrativos, voltada para fins culturais que caminha há 25 anos e que visa promover um evento animado com a intenção de celebrar as mulheres e a trajetória: “Que este dia seja um Red Carpet na sua vida, não pelo valor real do troféu, mas pelo aplauso caloroso que você recebeu, pela qualidade das pessoas que te aplaudiram por reconhecer a sua trajetória”, disse a presidente para as homenageadas.

Shirley pontuou sobre a felicidade de oferecer um momento tão marcante na vida das homenageadas. “O meu sentimento é de que bom que nós conseguimos criar este momento de congraçamento, de reconhecimento, de júbilo para elas e para nós que organizamos e para os convidados. Não é apenas uma festa, é uma festa de valorização da mulher e de mulheres que conseguiram fazer isso em um tempo que não existia o empoderamento, há quarenta anos.” 

Pontes ressaltou que o evento é para as mulheres se conhecerem. “Isso não é só berço esplêndido para essas mulheres e para nós; é para gente reconhecer que é possível chegar e que tem tanta gente que precisa da nossa ajuda. Nosso foco é esse, reconhecer quem já chegou e ajudar quem quer chegar numa posição de empoderamento feminino em um momento em que a sociedade está aberta a isso”. 

Neste momento de congraçamento e reconhecimento, a Academia Internacional de Cultura reafirma seu compromisso com a valorização das mulheres e seu papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.  

Por: Alicia Bernardes e ASCOM IMAGINE ACREDITE

você também pode gostar...