Com o término das eleições municipais de 2024, o centrão, a centro-direita e a direita se consolidaram como as maiores forças políticas do país, tanto é que a maioria das cidades serão comandadas da por siglas como: PSD (887), MDB (853), PP (747), União Brasil (583), PL (516) e Republicanos (433). A esquerda, por outro lado, só aparece no ranking com o PSB (309), que superou o PSDB (272), e o PT (252).
Neste cenário, é importante destacar que o PT e todos os partidos com espectro ideológico que partem do centro até a direita cresceram em relação ao saldo das eleições de 2020, o que impõe sérios desafios para a corrida presidencial de 2026.
O Bolsonarismo, embora tenha saído fortalecido das urnas ao aumentar em 50% o número de prefeituras conquistadas, terá que reconquistar a hegemonia, pois somou importantes derrotas em capitais (Manaus, Fortaleza, Goiânia e Belém) e ainda saiu rachado com uma ala mais radical liderada por nomes em ascensão, como o de Pablo Marçal, em São Paulo.
Somado a isso, o discurso do prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que chamou o governador Tarcísio de Freitas (PL), pretenso bolsonarista presidenciável, de “líder maior, que esteve comigo no momento mais difícil da campanha”, aliado a fala do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), outro presidenciável da direita mais tradicional, de que “a direita não tem dono”, enfraqueceram a figura e liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que sem holofotes, deixou Goiânia após saber da derrota do seu candidato a prefeito.
Neste cenário, percebe-se que a direita já começa medir forças na disputa pelo Palácio do Planalto, desafiando o bolsonarismo, que já está rachado, a uma articulação que vise à unidade em torno de um nome capaz de vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No campo da esquerda, liderada pelo PT e o presidente Lula, os desafios são ainda mais urgentes. É que mesmo tendo aumentado o número de prefeituras e conquistado cidades importantes, o saldo eleitoral deixou muito a desejar para um partido que comanda o Governo Federal, que tem partidos como o PSD e o MDB lotados na Esplanada dos Ministérios.
Com a vitória do Centrão e da direita, o Executivo precisará reorganizar as forças lotadas no Governo em prol da governabilidade, bem como mostrar que seu líder maior que completou 79 anos tem muita capacidade e saúde para continuar comandando os destinos do Brasil, um país que possui uma quantidade considerável de eleitores conservadores.
Aliado a tudo isso, a esquerda ainda possui a urgente necessidade de realinhar o seu discurso eleitoral, que parece distante do eleitorado, e de trabalhar o fortalecimento de novas lideranças políticas – a exemplo do prefeito de Recife, João Campos (PSB) – capazes para suceder o presidente Lula, que já provou ser uma figura política muito maior do que as divisões existentes no país.
Diante de tudo isso pode-se afirmar que, ainda que discretamente, já foi dada a largada na pré-campanha visando as eleições de 2026. Que ao final de tudo isso, o Brasil e a vontade dos brasileiros sejam os grandes vencedores.