Sem pai e mãe, ela viveu dos 6 aos 12 anos nas ruas de Fortaleza e hoje é a vice-presidente da instituição

Diariamente a vida de milhares de crianças, adolescentes, jovens e adultos são transformadas pela Casa do Menor São Miguel Arcanjo, que oferece amor, esperança e família aos acolhidos, dando a cada um a oportunidade de reescrever sua história. Em entrevista a ImagineAcredite, vamos conhecer a história de Renata Barros, que abandonada pelos pais e, aos 6 anos de idade, com o sumiço da mãe adotiva e o falecimento do pai de criação, ela passa a viver em situação de rua, por ordem de um juiz é mandada para um convento e aos 17 anos conhece a Casa do Menor, onde ao chegar foi acolhida com tanto amor, que esse gesto mudou a sua história e deu sentido a vida.

Quem vê a força de Renata não imagina o sofrimento que ela passou em sua infância e adolescência. Ainda bebê foi abandonada por seus pais e adotada por um casal. Aos 6 anos de idade seu pai adotivo faleceu e sua mãe adotiva que tinha problemas mentais e andarilha não assumiu seus filhos como devia. Assim, Renata inicia sua trajetória nas ruas de Fortaleza, Ceará. Com isso, ela precisou ser guerreira e assumir uma identidade masculina para evitar as violências nas ruas. Essa situação durou até os 12 anos, quando, por ordem de um juiz, ela foi para o convento Instituto Filhos de São José, onde ficou até os 16 anos, período em que estudou e concluiu o ensino médio.

Ao sair do convento, Renata foi morar de favor na casa de uma amiga e conheceu a Casa do Menor. A instituição deu a ela amor, família, valores e o principal a espiritualidade e a fez entender que há um Deus que a ama imensamente. “Isso também me motiva a ajudar o outro, a ser mais solidária, a não parar na minha dificuldade, não parar na minha dor. E a pedagogia, que a Casa de Menor tem, ela é muito pertinente, ela é muito concreta, porque é de ser presença e de gerar presença, de ser família. A Casa de Menor em si, na sua missão, na sua essência, na sua história, ela é isso. Ela tem uma importância, uma significância, pro outro, pra vida do outro, ela ajuda o outro a pensar, sonhar, caminhar, a ser protagonista”, observa.

Já na instituição, Renata teve a oportunidade de fazer o curso para Educador Social pela Fundação da Criança e Família Cidadã (FUNCI) e cursos na área social pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Ela é pós-graduada em Atendimento Familiar. Ao ser questionada sobre a importância do Padre Renato e Lúcia Inês em sua vida, ela diz que representa a figura paterna e materna. “Foram aqueles que me acolheram quando eu cheguei na Casa do Menor. Eles não sabiam minha história, me acolheram no momento em que estava frágil. Tinha sofrido uma agressão, então cheguei machucada, suja, com fome. E eles não me questionaram, não me julgaram, só me acolheram Me senti filha”, relata.

Ela avalia essa jornada de quase duas décadas dentro da Casa do Menor como renascimento. Inclusive, seu nome tem um significado especial. “Vejo padre Renato conversando comigo, que o significado do meu nome é renascida. E fico muito feliz porque é o sentimento que eu tinha, de tá renascendo ali. Quando eu cheguei na Casa de Menor, eu cheguei sem futuro, sem expectativa, sem saber qual seria o meu amanhã. E a Casa do Menor me deu o principal, o amor, uma família e comigo caminhou pra projetar o futuro. Construímos um futuro. Eu falo que esses 19 anos foram os melhores bem vividos da minha vida, que de fato posso concretizar como vida mesmo”, revela Renata emocionada.

E para ela, como vice-presidente e Coordenadora Pedagógica da instituição, cada acolhido é um sentimento diferente e de esperança para construir um país mais igualitário, sendo família para os meninos abandonados a margem da sociedade. “Eu falo que é um renascimento e realmente uma construção do novo, do melhor. Porque eu sou uma nova pessoa porque a Casa do Menor me proporcionou isso, essa dignidade humana, a dignidade espiritual”, comemora, que ainda revelou tinha muitos conflitos com Deus, pois mesmo sabendo que Ele existe, ela ainda não entendia a forma que Deus amava. “Hoje eu sou uma católica cristã, eu sou uma filha de Deus. Eu tenho isso muito forte dentro de mim e graças e fruto a essa vivência”, pontua Renata, que hoje tem sua família, é casada e mãe de uma jovem de 18 Ana Carolina Barros.

E antes de finalizar a entrevista, Renata se emociona ao agradecer a instituição pela família que deu a ela e também por acreditar em seu potencial. “Muito mais do que cargos, mas a pessoa que eu sou também no profissional, a oportunidade de me profissionalizar, de fazer Graduações e Pós e tudo, não só por merecimento, mas pela oportunidade de acreditar em mim, de investir em mim, da minha capacidade, por amor. Então, é muito forte a minha relação com a Casa do Menor. Eu falo assim com a alma, a minha história também. Eu me sinto, realmente, pertencente. Eu me sinto até um pouco mais além do que filha, porque também construir caminhos juntos, eu me sinto pertencente nessa família, de todo esse contexto”, conclui.

Ascom ImagineAcredite

Renata Barros e Lúcia Inês
Padre Renato e Renata Barros
Renata Barros e sua filha Ana Carolina Barros

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