Foi ao ar no último domingo (19), no programa Fantástico, da Rede Globo, uma reportagem especial sobre Comunidades Terapêuticas. Segundo ela, as instituições não priorizam a medicina e utilizam trabalho, disciplina e religião como forma de (mal)tratar os dependentes químicos. A reportagem possui 23 minutos de duração, dos quais apenas 1 minuto e 15 segundos são destinados às vozes que falam a favor das comunidades.
Toda a reportagem busca generalizar como ruim o trabalho de todas as comunidades, sem nem mencionar os impactos positivos das suas ações frente à pandemia de drogas que assola o país há anos.
A própria reportagem ressalta que, entre as CTs investigadas, nenhuma é filiada à FEBRACT. Outro ponto destacado foi a destinação de verbas públicas às CTs, que cresceu 65% entre 2019 e 2021, contra 11% destinados aos CAPS AD. Mesmo com esse grande aumento, a verba destinada a primeira é a metade da destinada à segunda. São R$ 134 milhões às Comunidades contra R$ 337,4 aos CAPS AD. Sendo assim fica claro que a importância das comunidades está além de ideologias políticas.
Além disso, a relevância do investimento se mostra em números: em 2018, apenas 2.900 vagas estavam disponíveis. Hoje são 17,3 mil. O tratamento é totalmente gratuito e custeado integralmente pelo Governo Federal que abraçou às verdadeiras CTs ao perceber que o sistema de combate à dependência química adotado pelo Brasil já não surtia efeito há anos.
É importante ressaltar que nas Comunidades Terapêuticas, o objetivo é parar por completo o consumo de álcool e/ou drogas ilícitas através da abstinência. Contudo, durante a reportagem exibida na Rede Globo, a possibilidade de fala dos que apoiam e realizam trabalhos de qualidade em Comunidades foi pequena. Não houve imparcialidade na produção da reportagem, com clara tendência à indução do telespectador contra essas instituições que há décadas retiram da drogadição milhares de vidas consideradas perdidas pela sociedade.
Para o secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, Dr. Quirino Cordeiro Jr., a reportagem tendenciosa faz parte de um projeto ainda maior e mais danoso ao país. “A estratégia foi confundir os telespectadores apresentando críticas e possíveis denúncias relativas ao quadro dessas entidades, tentando generalizá-las para todo segmento. O ataque ao consagrado método de trabalho das comunidades terapêuticas, na verdade, faz parte de um cenário maior, no qual grupos de interesse buscam minimizar os graves problemas causados pelas drogas em nosso país, para fortalecer discursos de legalização das drogas ilícitas, ausência de combate efetivo às cracolândias e trabalhando assim para a promoção do caos social”, argumentou.
Por Sérgio Botêlho Júnior