No segundo dia da Semana Oficial da Engenharia e Agronomia, a presidente da Federação das Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências e da Associação de Mulheres da Engenharia e Agronomia e Geociências (AMEAG) do Estado de São Paulo, Poliana Krüger, concedeu uma entrevista à Revista ImagineAcredite. Na oportunidade, ela defendeu bandeiras como a união, a igualdade e a equidade, além do combate aos diversos tipos de assédios envolvendo as profissionais do setor.
De acordo com Poliana, o machismo presente na sociedade impõe grandes desafios às engenheiras, agrônomas e geocientistas, as quais são apenas 20% do Sistema CREA. Em 2017, elas eram 11,2%. “Esse crescimento aconteceu, porque as mulheres estão sendo mais valorizadas, mas ainda estamos com o grande problema de assédio moral e sexual e nós, enquanto associação, estamos falando, denunciando, porque queremos respeito, porque exercemos a mesma profissão, temos a mesma competência e a mesma autoridade”, argumentou.
Poliana ainda observou que, não muito diferente de todas as brasileiras, as mulheres do setor também sofrem com a desigualdade salarial e para conseguirem uma promoção dentro das empresas que atuam, embora nem todas percebam isso com a devida clareza. “Nós temos que conscientizar as mulheres, porque muitas vezes elas nem percebem que estão sendo passadas para trás. Então estamos promovendo uma conscientização para que a mulher também possa dar valor à profissão dela”, acrescentou.
Toda a mobilização feminina tem ocorrido pelas redes sociais e de forma presencial, como também no primeiro Congresso das Engenheiras e Agrônomas que será realizado em março de 2025 em São Paulo. Além disso, ela comemorou o crescimento de associações em defesa das mulheres engenheiras e agrônomas por todo o Brasil. É que a primeira entidade foi fundada por ela, após um desafio feito pelo então presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, Joel Krüger, há um ano e meio. De lá para cá, o movimento cresceu e hoje o país já conta com 20 associações espalhadas pelas cinco regiões do país, com previsão de expansão para estados como Goiás e Minas Gerais.
Mulheres que não se calam
Durante a entrevista, a presidente da AMEAG ainda ressaltou que em todo o país os problemas enfrentados pelas mulheres do setor são iguais, com algumas especificidades, mas que o assédio é o tema que se sobressai. Por isso, as associações estão articuladas para aprovar no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia uma medida que seja capaz de punir os assediadores com o devido rigor. “Já conseguimos aprovar essa iniciativa na Câmara, que já existe na OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], e agora estamos aguardando o julgamento dos conselheiros na sessão plenária”, informou Krüger.
Além disso, a presidente da Associação destacou que durante a SOEA 2024 as mulheres não estão sozinhas, porque uma série de medidas de segurança foram tomadas, como o acesso por identificação facial e a disponibilização de um QR Code para auxiliar as mulheres que, porventura, acabem sofrendo algum tipo de assédio durante o evento. “Essa é uma luta contínua!”, enfatizou.
Contudo, a luta das engenheiras e agrônomas também se estende à igualdade salarial e à equidade profissional. “As pessoas precisam ser tratadas conforme a sua necessidade e é isso que tenho conversado com as mulheres, porque muitas pedem somente igualdade quando devemos lutar também pela equidade”, analisou Krüger.
E completou: “Então a gente coloca a associação para conversarmos com as mulheres para que elas tenham esse apoio, para que entendam que não precisam fazer tudo sozinhas, que elas têm que falar sim e não precisam ficar com medo. Nós estamos aqui para ajudar umas as outras!”.
Mulheres unidas
Poliana Krüger também informou que, atualmente, os trabalhos também têm buscado promover uma maior união entre as mulheres do setor. A ideia é que as profissionais recém-graduadas, que em sua grande maioria dominam as novas tecnologias, mas ainda não possuem uma larga vivência profissional, possam dialogar com as profissionais mais experientes e assim seguirem firmes e unidas na profissão que escolheram.
“As mais experientes dizem não saber lidar com a tecnologia e que, por isso, desejam parar, não parem! A gente vai ensinar uma a trabalhar com a outra, porque uma tem experiência e a outra não, mas domina as novas tecnologias. Então vamos atuar para que todas trabalhem juntas! Nós queremos capacitar as mulheres para que elas nunca fiquem para trás”, acrescentou Krüger.
Por conta de tudo isso, a AMEAG SP realizará um grande evento no Instituto da Engenharia, em São José dos Campos, no dia 13 de dezembro deste ano. Além disso, a Federação que representa as mulheres do setor realizará um Congresso em março de 2025. Tudo será acompanhado pela Revista ImagineAcredite.
“Teremos muitas palestras importantes, estandes e muito mais para que possamos mostrar o porquê que a Associação veio, enquanto o congresso da Federação será gigantesco para que possamos trocar experiências e fazer networking. Até lá, o nosso coração segue batendo forte para que tudo aconteça, porque temos muito o que conquistar. É uma sementinha que temos que plantar e regar todos os dias!”, finalizou Poliana Krüger.
Por Thiago Farias