O 1º Encontro Nacional das Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências (ENAME) reuniu profissionais de diversas regiões do Brasil para discutir o fortalecimento da representatividade feminina no setor e o papel das entidades na ampliação das oportunidades para as mulheres. Realizado no Espírito Santo, o evento foi organizado pela Federação Nacional das Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências (FAMEAG) e contou com o apoio da Mútua Nacional e do CREA-ES.
A presidente da FAMEAG, Poliana Krüger, destacou a importância da realização do evento e da construção coletiva de um espaço que valorize as mulheres dentro do sistema profissional. “Estamos fartos de holofotes que colocam a mulher como cota. O que falta é ação”, afirmou. Poliana também relatou sua trajetória dentro do setor, ressaltando os desafios enfrentados desde sua atuação na construção civil até sua inserção na representação institucional. “Sempre trabalhei em obra, lidando com centenas de homens e explicando os detalhes técnicos. Mas ninguém sabia disso”, disse.
O presidente da Mútua Nacional, Joel Krüger, reforçou o compromisso da entidade com o fortalecimento da presença feminina na engenharia. Ele relembrou a criação do Programa Mulher, iniciativa que começou no CREA-PR e, posteriormente, foi implementada em nível nacional no Confea. “É uma pauta que é necessária. Quem sabe um dia não seja mais, mas, neste momento, é fundamental devido aos desafios enfrentados pelas mulheres no trabalho e na sociedade”, afirmou. Ele também anunciou a implantação do Mútua Mulher, que visa oferecer benefícios específicos para engenheiras, como a licença-maternidade para profissionais autônomas e programas de incentivo ao empreendedorismo feminino. “São ações concretas, não são ações de mídia, não são ações momentâneas, mas ações para dar continuidade a esse trabalho”, completou.
A deputada federal Marussa Boldrin, presidente da Frente Parlamentar do Sistema Confea/Crea e Mútua, destacou a importância da atuação política para a defesa dos interesses dos profissionais da engenharia e agronomia. “Tudo passa pelo Congresso Nacional – saúde, educação, saneamento, reforma tributária – e nós precisamos ter o nosso olhar sobre essas pautas”, afirmou. Marussa também abordou os desafios da mulher no agronegócio e a necessidade de ampliar a participação feminina em todos os setores. “As mulheres não estão só na pauta da criança, do adolescente e do feminismo. No ano passado, fui relatora da transição energética, um dos maiores projetos da Câmara Federal”, ressaltou.
O presidente do CREA-ES, Jorge Silva, celebrou a realização do evento no Espírito Santo e reforçou a crescente visibilidade do estado no cenário nacional. “O Espírito Santo é a bola da vez no Brasil. As grandes empresas estão voltadas para cá pelo nosso desenvolvimento e organização”, afirmou. Ele também destacou a importância de incentivar a participação dos jovens profissionais, convidando à mesa a coordenadora do CREA Júnior do estado. “O CREA Júnior do Espírito Santo está sendo um exemplo para o país”, disse.
A anfitriã do evento, Olívia Diana, representante da AFEAG do Espírito Santo, ressaltou a importância da união feminina e do trabalho coletivo na construção de um espaço mais inclusivo. “Porque a gente não faz nada sozinha, né? E a AFEAG tem um time maravilhoso”, afirmou. Ela também destacou o apoio de lideranças e entidades que contribuíram para a realização do evento. “O CREA-ES, a Mútua e a Frente Parlamentar foram fundamentais para que esse encontro se tornasse realidade”, disse.
A secretária de Estado das Mulheres do Espírito Santo, Jacqueline Moraes, enfatizou que o fortalecimento das políticas públicas para as mulheres depende da sensibilidade das lideranças. “Os homens ocuparam o espaço de poder por muitos anos, e hoje as mulheres precisam ocupar. Mas, para isso, os homens precisam abrir espaço e fazer como esses que estão aqui hoje, empoderando e trazendo mulheres para o debate”, afirmou. Ela também reforçou que o Mês das Mulheres deve ser um momento de luta por mais equidade e não apenas de homenagens. “Só tem sentido a comemoração e as homenagens se for para pavimentar o caminho das nossas meninas que virão depois da gente”, completou.
O evento, que reuniu 500 pessoas entre autoridades e participantes, teve uma programação voltada para debates técnicos e de representatividade feminina no setor. A expectativa da organização é que o ENAME se torne um encontro permanente, fortalecendo a presença das mulheres na engenharia, agronomia e geociências e garantindo avanços concretos na valorização profissional.
Homenagem
Durante a abertura, a deputada Marussa foi homenageada. “Este prêmio é um reflexo do trabalho de tantas mulheres que com resiliência e reconhecimento tem transformado o campo, a indústria e o mercado de trabalho. A presença feminina na engenharia não é apenas uma questão de igualdade, mas também de inovação e progresso”, pontua.
“A primeira premiação, que são homenagem a mulheres da área da Engenharia da Agronomia e Geossciências da FAMEAG, ela teve início com a indicação das associações que fazem parte da FAMEAG. E a Associação Paraibana de Engenheiras Agrônomas e Geosscientistas, a APEAG, ela indicou para essa premiação a presidente da nossa Frente Parlamentar do Sistema CONFEA, CREA e Mútua, a Engenheira Agrônoma e Deputada Federal, Marussa Boldrin, por entender que esta profissional tem feito um trabalho relevante para a agronomia. É uma profissional ligada ao CREA de Goiás, onde desenvolve atividades, ela e a irmã dela, na área agronômica”, pontua a Presidente da APEAG – Engenheira Carmem Eleonora.
Valorização da mulher em espaço de poder
A trajetória da ativista e atriz Luiza Brunet pelos direitos das mulheres conecta-se com os desafios enfrentados por engenheiras, agrônomas e geoscientistas no Brasil ao abordar a universalidade da violência de gênero e a importância de reconhecer essa violência no ambiente de trabalho e em casa. A mensagem final para as mulheres em áreas tradicionalmente masculinas é para que não se deixem desencorajar pelas dificuldades, persistam em suas paixões e se imponham como profissionais competentes, independentemente do sexo. A confiança, a persistência e a força serão fundamentais para conquistar o espaço desejado e se sentir confortável em suas carreiras.
“A confiança, a persistência, a não desistência e a força da mulher vai motivar ela a conseguir um emprego que ela se sinta confortável, fazendo o que ela gosta”, pontua Brunet.
FOTOS :Crédito: Marck Castro

































