Paróquias do DF recebem cestas básicas destinadas aos pobres da região

Nesta semana, o Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres, criado para dar assistência às famílias carentes, entregou diversas cestas básicas entre as paróquias do Distrito Federal. A ideia é que elas façam a distribuição dos alimentos junto aos que mais precisam, uma vez que são elas que conhecem cada realidade. De acordo com o Frei Rogério Soares, um dos fundadores do projeto, a iniciativa já beneficiou mais de 3 mil famílias, atendidas por cerca de 50 paróquias de Brasília.

“O Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres, é formado pelo Santuário São Francisco de Assis e a Paróquia Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês e nosso objetivo é alcançar mais paróquias e o serviço se estender por todo o ano, ajudando com cestas básicas e produtos de limpezas as pessoas mais carentes do DF”, disse o sacerdote após a entrega de cestas as paróquias de Nossa Senhora dos Pobres, em Paranoá, e São Luiz Orione no Itapuã.

Vale lembrar que o projeto possui pontos de coleta nas paróquias do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora das Mercês, situadas na 615 Sul; e a de São Francisco de Assis, na 915 Norte.

Como tudo surgiu?

Segundo Caio Valente a proposta de criar um grupo de doadores de mantimentos, que hoje é conhecido Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres, surgiu quando ocorreu o primeiro fechamento dos estabelecimentos comerciais do DF, por conta da pandemia. Naquele momento, os moradores em situação de rua ficaram sem o Parque da Cidade e sem ter a quem recorrer para garantir a sua higiene pessoal e também a alimentação.

Diante disso, ele, que já desenvolvia projetos ligados aos moradores em situação de rua em conjunto, mobilizou esforços em prol da causa. A partir daí, esforços foram mobilizados junto a outras paróquias e acabou impulsionado por uma entrevista concedida a TV Globo. “Ela chamou a gente pra fazer uma entrevista e nós fomos. Falamos, na entrevista, que a gente não pare, que a gente continua fazendo o trabalho na rua, e aí nesse dia uns irmãos da rua falaram que não tinham nem do lixo pra comer.

Foi Aí que o “Barba” falou que a gente só ia sair quando o governo atendesse esse povo. Então teve um banco, que está desativado, que ofereceu para a gente um espaço para fazer um depósito. Então nós fizemos um depósito e começamos a pedir doações nos grupos, nas redes sociais”, relembra Valente.

A entrevista deu certo e o governo quis dialogar. No entanto, a coisa não fluiu bem e acabou gerando até manifestações que foram encerradas com a presença da Polícia Militar. Entretanto, devido à nobreza da causa, momentos depois, o Comandante Geral da PMDF pediu desculpas ao grupo. “A partir disso, fizemos várias intervenções com o governo. E chegou um dia que nós chegamos e falamos que eles deveriam assumir dali em diante. Nós fechamos o depósito, paramos de fazer todos os atendimentos, mas a gente sempre ia à Asa Norte e tínhamos o Santuário São Francisco de Assis, como apoio, para banhos e lugar de referência.”, destaca.

Entretanto, envolver somente o governo distrital não bastava. Então Valente e seus companheiros mobilizaram esforços para garantir que a Igreja Católica se posicionasse sobre o tema, já que estavam falando de vidas que viviam nas regiões das paróquias. Foi então que houve uma conversa com Dom Sérgio, então Arcebispo de Brasília, e Dom Marcony. Surgia, portanto, uma campanha solidária que mais tarde se tornaria o “Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres”. A iniciativa contava com o apoio de Frei João Benedito, padre Cristiano e do Frei Rogério Soares, além das assessorias de comunicação das paróquias. Foi então que as doações cresceram significativamente.

“O serviço fraterno tem pouco tempo de existência, mas já é fantástico o que vem acontecendo: muita adesão, todo mundo já conhecem, quem não conhece procura conhecer e quando sabe que somos nós por trás, procura apoiar mais ainda. Para se ter uma ideia, nós já recebemos muitas cestas de bancos privados, de empresas, institutos. Então a gente já está conseguindo rodar todas as áreas vulneráveis do DF. Inclusive tem algumas que nós já fomos três vezes, outras já fomos duas e a ideia é que este serviço se perpetue, que não seja uma campanha, mas um serviço ao longo da vida”, encerrou Caio Valente.

Por Sérgio Botêlho Júnior

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