Na última quinta-feira, 9, o Instituto Crescer abriu uma importante porta para os dependentes químicos em situação de rua que almejam se livrar do vício e da vulnerabilidade social proporcionada pelas drogas. É que foi inaugurado o Centro de Triagem Vem Viver, localizado na Avenida das Palmeiras, em Taguatinga, no Distrito Federal.
A festa iniciou com uma oração em agradecimento a Deus, realizada pelo Pastor Paulo, presidente da Igreja Batista Koinona, pela inauguração deste centro que é pioneiro em toda a história do DF e dos dependentes em situação de rua.
De acordo com Areolenes Nogueira, fundadora do Instituto Crescer, que é mantenedor da obra, o centro servirá como uma casa de passagem onde os usuários poderão permanecer durante 30 dias contando com atendimento médico especializado 24h. A ideia é que neste período, eles sejam desintoxicados e possam livremente escolher uma forma para vencer a dependência.
“Isso aqui vai tá aberto 24 horas por dia e quem quiser sair da rua agora pode. […]Nós vamos dar tratamento médico, emitir toda a documentação e somente depois vamos apresentar uma lista de oportunidades para a vida dele. Vamos perguntar se ele quer ir para um CAPs, para uma clínica ou para uma das 13 Comunidades Terapêuticas certificadas pelo CONEM. A escolha será livre e nós apenas o encaminharemos”, detalhou Nogueira depois de ressaltar que tudo será realizado respeitando o livre-arbítrio dos usuários.
O Centro de Triagem Vem Viver é uma obra pioneira no tocante ao acolhimento de dependentes químicos em situação de rua. Por isso, a ex-governadora do Distrito Federal esteve na solenidade representando a senadora Leila Barros (PSB-DF), Maria de Lourdes Abadia, para transmitir uma importante mensagem. “A senadora vai colocar, dentro das possibilidades, uma ajuda para esta casa e é isso que quero dizer: vocês não estão desamparados nem pelo coração e nem pelos recursos”, disse em discurso.
E completou: “Quero dizer a todos os que vão usar esse abrigo que valorize ele, porque muitas pessoas não terão a oportunidade que vocês estão tendo de ter um lugar limpo, uma cama limpa, uma comida, um médico, um enfermeiro, um assistente social e uma mãe que vai cuidar de vocês. Vocês são privilegiados, pensem nisso! Vocês foram escolhidos e estão sendo acolhidos com dignidade e amor”.
Já o Eduardo Cabral, assessor especial da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, pediu que os acolhidos pelo Centro não buscassem desistir para vencer a dependência. “Em nome do Ministro Osmar Terra e do Dr. Quirino Cordeiro [Secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas], venho trazer a notícia de que vamos estar sempre de portas abertas para vocês, porque nós somos muito pequenininhos diante do grande trabalho que vocês fazem. Eu só peço que quando vocês estiverem no céu, lembrem-se da gente, porque esse mundo é muito doido e nossa missão é salvar vidas”, acrescentou.
Neste sentido, o Subsecretário de Prevenção às Drogas, Rodrigo Barbosa, que esteve representando Secretaria de Justiça do Governo do Distrito Federal, comemorou a iniciativa do Instituto Crescer. “Essa proposta está alinhada ao Plano Plurianual do Governo do Distrito Federal que atende a sociedade brasiliense alinhada com a Nova Política Nacional Sobre Drogas e que, com certeza, será uma referência para o país”, destacou Barbosa.
O Instituto Crescer e o Centro de Triagem são a prova viva de que tudo o que as pessoas que sofrem com a dependência química necessitam é de apenas uma oportunidade. Tanto é que essa ideia pode ser sentida em alguns testemunhos, a exemplo daquele dado pelo ex-residente Genilson Aparecido.
“Tive uma parte da minha vida jogada ao mundo, dividindo comida com os cachorros, até que um dia o Luiz insistiu para que eu fosse ao pastor Lúcio. Fiquei quase 10 meses lá, onde falaram que eu deveria melhorar as coisas e me levaram a Dona Areolenes e hoje eu tenho a oportunidade de conhecer a sociedade e demonstrar meu trabalho com carteira assinada”, testemunhou.
Também participaram da inauguração, a Dra. Teodolina Martins, presidente do CONEN-DF e o diretor Edvaldo; Célia Moraes, representando a Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT); Stevão Randolfo, presidente da AADEC; e o Major Elias, do 2º Batalhão de Polícia Militar do DF.
Já as Comunidades Terapêuticas foram representadas pelas seguintes instituições: Despertei, Novo Tempo, CERAP e Desafio Jovem de Brasília.
Por Sérgio Botêlho Júnior
Edu Cabral Rodrigo Barbosa
Gilson Aparecido