As movimentações em torno da sucessão do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) na Presidência da Câmara dos Deputados seguem a todo vapor. No páreo estão três nomes: o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), indicado de Lira; Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (UB-BA), que firmaram uma aliança alternativa mais alinhada aos governistas e sem a presença do PL, para garantir a governabilidade de Lula nos próximos dois anos. Contudo, as recentes movimentações apontam para um certo favoritismo do deputado paraibano na disputa.
A considerável vantagem de Motta se deve ao apoio que ele tem do presidente Arthur Lira e a sinalização de apoio de sete partidos, entre eles o PT e o PL, que ainda não se manifestaram oficialmente. Porém, deputados do Partido dos Trabalhadores, considerado o fiel da balança, defendem que o melhor caminho é a convergência, para que não haja disputas internas na base do governo na Casa.
A sinalização petista para uma composição junto com o blocão, que também conta com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorreu após um encontro realizado na última terça-feira, 15. Segundo consta, essa foi a primeira reunião formal que o partido realizou para definir o seu apoio na sucessão de Lira.
Cabe destacar que, nos bastidores, Lira tem afirmado, desde o início do ano, que o PT se comprometeu em apoiar quem ele indicasse para a sua sucessão. Contudo, até agora, não houve nenhuma decisão do partido, que tende a adiar o seu posicionamento para depois do término do segundo turno das eleições municipais. Por outro lado, na saída do encontro de terça, o líder petista na Câmara, deputado Odair Cunha, afirmou que a tendência da bancada é compor com forças políticas que levaram Arthur Lira à Presidência da Casa.
“O PT está discutindo qual é a tese que nós vamos decidir: se nós vamos decidir pela permanência no blocão, ou se vamos produzir um novo bloco aqui na Casa. Essa é a discussão central”, disse Odair, ao sair da reunião. “E nessa tese de permanência, nós temos uma candidatura que significa a convergência dessas forças políticas, que é o Hugo Motta. Então esse é um debate que está posto e vamos aprofundar. Estamos em processo de consultas”, emendou.
Ele também ressaltou que o próximo presidente da Câmara tem que dialogar de forma institucional com o governo, garantir a participação democrática e civilizada dos deputados e agir como um árbitro. “Nossa percepção geral é que a maioria da bancada tende pela candidatura da convergência, pela permanência no Blocão. Nós não queremos acirrar um processo de disputa aqui na casa. Nossa compreensão mais geral é de que a presidência da Casa não é para ser da oposição ou da situação”, argumentou Odair ao reforçar que o foco é garantir estabilidade ao governo.
Neste momento também, a candidatura de Motta necessita do apoio formal do PL, que mesmo tendendo a apoiá-lo, ainda tem alguns expoentes afirmando que somente o apoiarão se o presidente Arthur Lira pautar o projeto que anistia os presos do 8 de janeiro. O deputado alagoano, por sua vez, segundo Poder360, tem descartado usar a proposta como moeda de troca.
Além disso, para conquistar os partidos, cargos também estão sendo oferecidos. De acordo com o Estadão/Broadcast, Motta negocia com o PT a 1ª Secretária, hoje os petistas ocupam a 2ª Secretaria; e a Vice-Presidência com o PL, que tem 92 deputados. Elmar e Brito, por outro lado, para atrair o apoio do governo, do MDB e do PT ofereceram a Vice-Presidência ao partido de Lula.
A eleição para a Mesa Diretora da Câmara será realizada em fevereiro de 2025. Até lá, muitas negociações serão realizadas, mas há que se destacar que nos últimos pleitos, o parlamento tem decidido pela convergência e independência do Poder Executivo.
Hugo Motta
Considerado o nome da convergência, Hugo Mota é médico e chegou à Câmara Federal em 2011, como o deputado federal mais jovem do país. Na época, ele tinha 21 anos. E hoje, com 35 anos e em seu quarto mandato, ele acumula uma vasta experiência dentro do parlamento brasileiro, onde presidiu a CPI da Petrobrás e participou de decisões importantes para o país, a exemplo da Reforma Trabalhista e da PEC do Teto de Gastos, propostas pelo governo do então presidente Michel Temer (MDB).
Além disso, ele é o 1º Vice-Líder do Bloco composto pelos partidos MDB, PSD, Republicanos e Podemos integra Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) e da Comissão de Finanças e Tributação. Ele também é autor de diversas propostas e goza de amplo conhecimento legislativo, que foi obtido ao longo dos últimos anos.
Por Sérgio Botelho Junior