Dia Internacional das Mulheres na Engenharia destaca desafios e avanços no setor

Hoje (23), Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, lideranças femininas do setor destacam os desafios enfrentados por engenheiras brasileiras e as estratégias adotadas para promover a equidade de gênero em um ambiente historicamente masculino. A data é marcada por mobilizações em todo o país, incluindo ações da Federação das Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências (FAMEAG), presidida por Poliana Krüger.

Segundo ela, o maior obstáculo para as mulheres engenheiras no Brasil não é técnico, mas cultural e estrutural. “As mulheres engenheiras são tão capacitadas quanto os homens, mas enfrentam desigualdade de gênero no ambiente de trabalho, que se manifesta em formas como a sub-representação, assédio, desigualdade salarial, dificuldade de conciliar carreira e maternidade, e ausência de redes de apoio e representatividade”, afirma.

Para enfrentar esse cenário, a FAMEAG atua em múltiplas frentes como política, institucional, formativa e social. Criada em julho de 2023 no Crea-SP com representantes de 11 estados, a federação busca valorizar, capacitar e dar voz política às mulheres profissionais. Desde então, a entidade tem se tornado um canal direto com o Confea e os Creas, influenciando políticas públicas e promovendo espaços mais inclusivos.

Entre as ações realizadas, Poliana destaca o lançamento do Programa Liderança para Mulheres, em março de 2025, desenvolvido pelo Crea-SP em parceria com a FAMEAG, com foco na formação de conselheiras e lideranças femininas. Além disso, a federação promoveu o I Encontro Nacional das Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências (ENAME), no Espírito Santo, em março deste ano, com atividades voltadas ao empoderamento, networking e capacitação.

Outro avanço importante apontado por Poliana é a adesão da FAMEAG à agenda 2030 e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como o combate à pobreza menstrual. A atuação se estende também a campanhas de enfrentamento à violência contra a mulher e ações socioambientais em parceria com o Confea e outras entidades.

Ainda assim, a presença feminina nos cargos de liderança no setor permanece limitada. “Mais mulheres só alcançarão a liderança quando houver mudanças culturais profundas, aliadas a políticas práticas e consistentes de equidade”, diz Poliana. Para ela, é preciso romper estereótipos de gênero, garantir o reconhecimento da competência feminina, criar redes de apoio e mentorias, além de políticas institucionais inclusivas.

Poliana também aponta a sobrecarga de cuidados familiares como uma das principais barreiras para o avanço das mulheres em cargos de chefia. “A divisão desigual das tarefas domésticas afeta diretamente a disponibilidade das profissionais para posições de liderança”, explica. Ela defende medidas como programas de retorno ao trabalho após a licença maternidade, metas de equidade nas empresas e ambientes livres de assédio e discriminação.

Para as jovens que desejam seguir carreira na engenharia, mas enfrentam inseguranças ou preconceitos, Poliana deixa uma mensagem direta: “Acredite no seu potencial, mesmo quando o mundo tentar convencer você do contrário. A engenharia precisa da sua visão, da sua inteligência e da sua coragem. Você não está sozinha — há uma rede de mulheres que já trilhou esse caminho e está abrindo espaço para você. Preconceito se combate com presença, e insegurança se vence com prática, apoio e persistência. Não desista dos seus sonhos por causa do medo — transforme o medo em combustível para conquistar seu lugar.”

Foto: Marck Castro

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