Debora Elise: A Casa do Menor me deu paternidade através do dado do amor e da pedagogia presença

A Casa do Menor São Miguel Arcanjo, que completa 35 anos em 2021, é um ambiente acolhedor que trabalha a pedagogia presença e transforma a vida de milhares de crianças, adolescentes, jovens e adultos, possibilitando que cada pessoa reescreva a sua história e seja protagonista seguindo o Evangelho. É o caso da Débora Elise, que foi entrevistada pela ImagineAcredite e conta um pouco sobre a sua história. Hoje, aos 32 anos, ela trabalha como Colaboradora na instituição no Setor de Comunicação. Aos 16 anos, ela conheceu a Casa do Menor por meio dos cursos profissionalizantes.

“Na época eu não tinha condições de pagar um curso. Então, alguém me falou que conhecia a Casa do Menor, que é no mesmo bairro que eu morava, e aí eu me inscrevi e comecei o curso de informática. Logo depois eu conheci o CIDA, que é o Centro Cultural, e fazia dança, percussão, aulas de música. Durante a semana eu fazia o curso e no fim de semana eu ia pro centro cultural. Logo depois me tornei Jovem Aprendiz. Foi meu primeiro emprego também, através da Casa do Menor”, detalha Débora, que nunca perdeu o vínculo com a instituição. A educação, o acolhimento, o amor e o clima de família a ajudou em sua formação.

Segundo Débora, o que a impressionou na instituição foi o ambiente acolhedor. “Aqui eu trabalho com pessoas, igual a Tamires, o Leandro, o Stephio, que estão junto comigo desde lá atrás. Eu fui, por exemplo, Jovem Aprendiz, e era das 8h às 12h, só que a gente ficava aqui das 8h às 17h, porque aqui sempre foi um ambiente muito acolhedor, alegre, de família. Hoje em dia, sempre que a gente pergunta ao aluno que tá se formando, por exemplo, o que mais chamou atenção na Casa do Menor, a resposta é o ambiente familiar, as pessoas são família com a gente. Eu sinto isso desde os meus 16 anos até hoje. Eu me sinto num ambiente familiar”, explica.

Questionada sobre o que representa a pedagogia presença, ela revela um fato curioso, em homenagem ao Padre Renato. “Até me emociono, porque eu não tive muito a presença do meu pai na minha vida. Então, eu costumo falar que a minha mãe e a Casa do Menor me educaram com a pedagogia presença, com o dado do amor. E tem uma frase do padre Renato que ele fala muito que eu até tatuei no meu braço, com a caligrafia dele, nem sei se ele sabe, mas a frase é: o amor cura. Eu tenho essa frase tatuada e faz todo o sentido”, relata Débora, que chegou a Casa do Menor com muito preconceito, pois o CIDA fica ao lado do abrigo.

“Então, quem não conhece, ah, são bandidos, são delinquentes, já mataram, já roubaram. E não é isso. Eu conheci o Lailson, que é professor de percussão em Fortaleza, nessa época também. E antes deu saber que ele era do abrigo, eu construí uma amizade muito forte com ele. Depois eu soube que ele era do abrigo. E aí todo o meu julgamento foi por terra, porque ele era e é uma pessoa maravilhosa, hoje ele é como se fosse um irmão pra mim. E hoje, nesse mesmo abrigo, eu tenho vários afilhados que eu tento ser presença pra eles, faço o que eu posso e o que eu não posso pra eles terem um pouco desse aconchego de família, de mãe que eles não tiveram na família”, comenta.

Para Débora, o Padre Renato é um exemplo de homem de bondade e todos os valores que ela construiu durante sua vida deve ao padre Renato e a Casa do Menor. “O padre sempre fala que essa frase o amor cura e eu tenho assim total convicção de que realmente o amor, a atenção, a presença cura. Eu aprendi com o padre, a ser concreto e a não vim aqui apenas a batizar a criança e tal. Eu vou lá no abrigo, eu almoço com ele, dia de domingo, Dia das Mães eu passo com eles. Teve o meu afilhado que voltou agora, ele tava sem roupa, eu fui lá, comprei roupa pra ele. Então, a gente vê uma resposta, o respeito que eles têm pela gente, o cuidado, o carinho. Eu recebo o retorno dessa maneira”, afirma Débora, que tem 5 anos que está na Casa do Menor como Colaboradora.

“Eu só agradeço a Casa do Menor ter entrado na minha vida aos 16 anos e hoje eu sou muito grata. Eu costumo dizer que eu sou colaboradora e voluntária, porque a gente não para, ainda mais sendo da Família Vida. A gente vê um problema aqui, a gente vai lá e tenta ajudar, e tenta fazer e a gente não para. Às vezes é muito julgamento por isso, mas a gente sabe da necessidade do próximo”, finaliza Débora emocionada.

Ascom ImagineAcredite

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