AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS NÃO SÃO HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS!

A dependência química é um problema complexo e devastador que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Felizmente, existem diversos recursos disponíveis para auxiliar aqueles que desejam se recuperar desse ciclo vicioso, como as comunidades terapêuticas que oferecem um tratamento de qualidade e humanizado em um ambiente seguro, além da reinserção social por meio da capacitação profissional.

No Brasil, há mais de 2 mil entidades certificadas. Porém, muitas enfrentam dificuldades financeiras para manter seus serviços – como contratar profissionais e adquirir medicamentos necessários –, tornando-se essencial a intervenção dos governos federal e estadual para garantir recursos adequados. Sem contar que a ausência de financiamento pode limitar o número de vagas disponíveis, o que impede que um maior número de adictos tenha acesso ao tratamento necessário.

Para debater esse assunto, a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado Fernando Rodolfo (PL-PE), realizou audiência pública nesta quarta-feira (17) sobre o tema “Comunidades Terapêuticas e Organizações da Sociedade Civil que prestam atendimento como hospitais psiquiátricos”. O pedido de realização da reunião foi solicitado pelos deputados Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ); Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Filipe Martins (PL-TO).

Uma das principais razões pelas quais as comunidades terapêuticas são tão importantes é que elas oferecem um espaço onde os dependentes químicos podem se afastar de seu ambiente cotidiano, muitas vezes repleto de gatilhos e influências negativas, com apoio de profissionais, como médicos, psicólogos, terapeutas e outros especialistas em saúde, que trabalham em conjunto para fornecer apoio integral e tratamento personalizado.

“Eu sou a prova viva que as comunidades terapêuticas funcionam. As pessoas trabalham nas CTs por amor, porque acredita na causa da recuperação. Não existe o limite do tempo, é 24h que essas pessoas se dedicam ao próximo por amor. As CTs estão no Brasil há 55 anos e só em 2012 que começaram a receber investimentos”, afirma o presidente da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas (Confenact), Edson Costa.

Além disso, as instituições são projetadas para promover a convivência com outras pessoas que estão passando por situações semelhantes onde os indivíduos compartilham suas experiências e criam laços de apoio que são fundamentais durante todo o processo de recuperação. Outro aspecto crucial é a variedade de terapias e abordagens disponíveis, como terapias individuais, terapias em grupo, terapias ocupacionais, atividades recreativas e outros métodos protegidos para promover o bem-estar físico, mental e emocional.

É importante ressaltar que o período de permanência em uma comunidade terapêutica varia de acordo com as necessidades de cada pessoa. “O acolhimento nas comunidades terapêuticas é voluntário. Nós temos que separar o joio do trigo. Nós queremos diálogos, não queremos ataques. Na pandemia nós acolhemos milhares de pessoas em situação de rua e cuidamos com amor, carinho e respeito. Trabalhamos com o fortalecimento dos vínculos familiares que foram rompidos por causa das drogas. Venham conversar conosco”, defende o diretor nacional de Relações Institucionais da Fazenda da Esperança, Adalberto Calmon.

“Nós criamos a Frente há 12 anos justamente para trazer ao Congresso Nacional essas instituições que são fundamentais para a nossa sociedade e para as nossas famílias. Nós visitamos centenas de CTs e as portas nunca estiveram fechadas. As CTs recuperam os dependentes químicos”, diz o presidente da Frente Parlamentar em Defesa das CTs, deputado federal Eros Biondini (PL-MG).

Benefícios do financiamento governamental

A dependência química é um problema que afeta não apenas os indivíduos diretamente envolvidos, mas também suas famílias e a sociedade como um todo. O uso de drogas está associado a diversos problemas sociais, como criminalidade, violência doméstica, desemprego e saúde mental debilitada. Investir nas comunidades terapêuticas significa investir na recuperação dessas pessoas e na prevenção de danos futuros à sociedade. Quando os dependentes químicos recebem o tratamento adequado e conseguem se reintegrar, tornam-se cidadãos produtivos, capazes de contribuir positivamente para a comunidade.

“Hoje são 106 Fazendas no país, em todos os estados, e mais 26 em outros países. Nunca tivemos problemas com nenhuma religião. Todos nós acolhemos e damos muito amor. Nós não somos manicômios, trabalhamos com liberdade. Os jovens são livres e podem sair quando quiser. Se alguém é dependente, ele precisa de ajuda. Sempre procurei acolher a todos. Mais de 60 mil recuperados. Precisamos investir na recuperação dos dependentes químicos”, justifica o fundador da Fazenda Esperança, Frei Hans.

SUS precisa ter vínculos com os pacientes

As comunidades terapêuticas não são a única solução para a dependência química. Elas devem ser vistas como parte de um sistema abrangente de tratamento, que também envolve apoio familiar, acompanhamento médico e psicológico contínuo após a saída da comunidade.

“O Sistema Único de Saúde tem que dar acesso aos casos de álcool e outras drogas a uma população estimada em mais de 15 milhões de pessoas. Nós estamos falando em um problema que tem caráter crônico e recorrente. O cuidado tem que estar pautado nas particularidades de cada pessoa. Nós temos que ter uma rede flexível que acompanhem o cotidiano e que seja capaz de fazer vínculo”, alerta o assessor do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde Marcelo Kimati.

Participaram do debate a representante do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) Dayana Rosa; o deputado estadual Flávio Serafini, da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro; a representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) Obadeyi Carolina; o representante do Centro de Convivência É de Lei, Michel de Castro Marques; o médico psiquiatra Rafael Bernadon;

A Vereadora de Pernambuco, Michele Collins; Judite Rocha do Conselho de Assistência Social; o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ); o ex-deputado Givaldo Carimbão; a deputada Clarissa Tércio (PP-PE); Pastor Eurico (PL-PE); deputado pastor Isidório (Avante-BA); a deputada Franciene Bayer (Republicanos-RS); o deputado Hélio Lopes (PL-RJ); a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ); o deputado Eli Borges (PL-TO); o deputado Osmar Terra (MDB-RS);

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE); o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN); a deputada Cristiane Lopes (União -RO); o deputado Roberto Monteiro (PL-RJ). Estiveram presentes diversos parlamentares e fundadores e gestores das Comunidades Terapêuticas do país.

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