Ações do GDF e Sociedade Civil mostram a importância da reinserção social

Os órgãos do governo do Distrito Federal em parceria com a sociedade civil estão realizando uma ação conjunta para atender cerca de 300 pessoas em situação de rua, até o dia 4 de setembro, no Setor Comercial Sul. O trabalho de integração conta com as Secretarias de Segurança Pública, Defesa Civil, Saúde, Trabalho, Mulher, Justiça e Social e segue dentro do normativo de segurança, respeitando as regras sanitárias com o uso de máscara e álcool em gel.

Segundo o subsecretário da Defesa Civil, Coronel Alan Araújo, a perspectiva é ofertar a todos os serviços pedidos há um tempo e o acolhimento para os moradores em situação de rua é facultativo e conta com o apoio da Central de Atendimento Permanente e Emergência (CAPE), diversas Comunidades Terapêuticas (CTs) e Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). Há ainda um consultório de rua para encaminhamento médico e testes do covid-19.

Antes de iniciar o evento, o pároco da Igreja Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês, Frei Rogério Soares, frisou que a sociedade civil, a Igreja e Governo têm o mesmo interesse: que as pessoas tenham condições de viver melhor e não nas calçadas. “Hoje é um dia simbólico com tendas que oferecem os serviços do Estado e nosso, sociedade civil. O importante é a causa: que as pessoas tenham dignidade e encaminhamento. Que a entrega seja de todos”.

Segundo a primeira-dama e secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, o grande desafio é mostrar o caminho a se seguir na vida, visto que muitas das pessoas que hoje vivem em situação de vulnerabilidade e estão na rua sofrem com algum vício, seja de drogas lícitas ou ilícitas.

“Existem os programas assistenciais que podem conceder direitos e benefícios. Mas essas pessoas precisam de muito mais. Precisam ter sonhos, ter vontade de se capacitar, de se inserir no mercado de trabalho. Então, é importante ter um tratamento médico, uma rede de apoio. As pessoas que têm lar têm para onde voltar e a quem recorrer. As pessoas que estão na rua não têm para onde voltar e, por conta disso, não conseguem sonhar. E a falta de sonho, leva a pessoa a viver nessa prisão de oportunidades. É preciso mais do que doar, é preciso ensinar a pescar”, destaca a secretária Mayara Noronha.

Para a secretária de Estado de Justiça e Cidadania do DF (Sejus), Marcela Passamani, o importante é a pessoa se sentir acolhida e amparada pelo Estado nesse momento. “Nós queremos lidar com o ser humano na sua plenitude e dar opção. Existe uma oportunidade e a gente está dando oportunidade de escolha, que é a nossa obrigação como Estado e aqui nós estamos fazendo nosso papel”. Na oportunidade, o secretário-executivo de Segurança Pública, delegado Júlio Ferreira, enfatizou que os eventos sociais são importantes com a atuação do governo em prol das pessoas em situação vulnerabilidade. “Essa comunidade requer uma solução e esse esforço conjunto possibilita que a gente possa dar essa série de encaminhamento, seja para acolhimento, seja para distribuição de alimentação ou para moradia”.

Vale destacar que o SCS foi contemplado para o projeto de revitalização Viva Centro e o desafio encontrado é a reinserção social de moradores em situação de rua. “É a região que recebe o maior fluxo de pedestres diariamente, cerca de 200 mil pessoas circulam todos os dias e é uma área que ficou muito tempo abandonada pelo Poder Público e a gente enfrenta dificuldades típicas de centros urbanos. Tem a população em situação de rua, uma série de serviços e que o Estado não tem conseguido prestar ao longo desses anos e nessa gestão, temos feito um esforço bem grande para suprir essa deficiência histórica”, diz a administradora do Plano Piloto, Ilka Teodoro.

Segundo a assistente social no Instituto Crescer, Glaci, hoje uma das maiores dificuldades, que a instituição encontra para acolhimento, é conseguir articular com a rede e enfatiza que para um tratamento terapêutico é necessário ação conjunta entre Estado e CTs. “Nós temos quatro unidades e essa unidade que a gente vai tratar esse público é o centro de triagem que a gente abriu recentemente em Taguatinga, que precisa de um atendimento especializado nesse processo de saída das ruas.”

No evento, o fundador da CT Salve a Si, Henrique França, ex-morador de rua, lamentou que as pessoas vivem à margem da sociedade e acabam entrando em situação de vulnerabilidade extrema, vindo para rua. Para ele, é preciso prevenir e melhorar a relação entre o Estado e as comunidades terapêuticas. “Quando entram nessa situação, se sujeitam a todo tipo de sofrimento, porque aqui é a última curva do rio, daqui vão para o óbito, para o presídio, para um estado de sofrimento de desmoralização muito grande. O Estado fortalecendo o trabalho das CTs ajuda muito. Se não melhorar o que já existe e não ofertar mais porta de saída para a população de rua, a violência crescente vai aumentar e vamos continuar sendo refém do sofrimento dessas pessoas”.

E quem esteve marcando presença no evento foi o representante dos moradores em situação de rua, Rogério Barba, conhecido como Barba na Rua, que viu sua vida mudar por pessoas voluntárias que não desistiram de o transformar. Hoje ele trabalha para conseguir redefinir a história de vida de pessoas que estão situação de fragilidade. “A gente não combate a pessoa em situação de rua. A gente tem que combater o tráfico. Aqui existem seres humanos, essas pessoas precisam ser atendidas. Se querem fazer desocupação, que o Estado chegue aqui com moradia, aluguel, para que possa atender e ofertar trabalho. Aqui é um espaço que têm pessoas há muito tempo e acreditamos que só com trabalho e com moradia podemos ajudar quem aqui está”.

Ascom ImagineAcredite

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