Em um mundo onde cada segundo conta para quem espera por um milagre, o aumento no número de doações de órgãos representa mais do que uma estatística: é um sopro de esperança e uma promessa de vida nova. Recentemente, temos testemunhado um crescimento significativo no número de doadores de órgãos, um fenômeno que reflete uma mudança profunda na consciência coletiva e na solidariedade humana.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é uma referência mundial em relação aos transplantes e possui o maior programa público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo, financiado pelo Sistema único de Saúde (SUS) que oferece e garante a toda população atendimento gratuito, assistência médica integral a pacientes doadores e receptores de órgãos, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante. Além disso, o país é considerado o 2º maior transplantador, atrás apenas dos Estados Unidos da América.
Para se ter uma ideia, em 2023, o Brasil registrou um recorde histórico no número de doadores de órgãos e transplantes realizados. No primeiro semestre do ano, foram contabilizados mais de 1,9 mil doadores efetivos de órgãos, um aumento de 16% em comparação com o mesmo período de 2022. Esse crescimento possibilitou a realização de mais de 4,3 mil transplantes.
Os órgãos mais transplantados durante esse período foram rins e fígado, com 2,9 mil e 1,1 mil transplantes respectivamente. Também houve 206 transplantes de coração, 47 de pâncreas e rins, 37 de pulmão, 13 de pâncreas e 1 multivisceral. Além disso, o número de transplantes de córneas alcançou 7.810 procedimentos, e foram realizados 1.838 transplantes de células-tronco hematopoéticas (médula óssea).
Este aumento não é apenas um dado a ser celebrado, mas também um convite à reflexão sobre a importância da doação de órgãos. Através de histórias reais e tocantes, descobrimos como cada doação carrega consigo um legado de amor, superação e renovação. É a história de famílias que, mesmo em momentos de luto, escolhem dar a outros a chance de viver; é a história de pacientes que recebem uma segunda chance, redescobrindo a alegria e o valor de cada momento.
Apesar desses avanços, ainda existe uma grande demanda por transplantes no país. Atualmente, há mais de 66.250 pessoas na fila de espera para transplantes de órgãos no Brasil. Deste total, 37.082 estão aguardando um rim, 25.941 aguardam transplantes de córnea e 2.228 solicitam transplante de fígado. Para transplantes de coração, existem 386 pessoas na fila.
Conscientização e Impacto
O processo de doação de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical) não é simples e envolve critérios rigorosos. A compatibilidade do órgão ou tecido, o estado de saúde do doador e do receptor, e a urgência do transplante são apenas algumas das variáveis consideradas. As equipes médicas trabalham incansavelmente para garantir que cada órgão ou tecido doado seja utilizado da melhor maneira possível, salvando vidas e mantendo a integridade e dignidade tanto de doadores quanto de receptores.
Atrás de cada transplante bem-sucedido, há uma equipe multidisciplinar de profissionais dedicados, desde médicos e enfermeiros até assistentes sociais e psicólogos, todos desempenhando um papel crucial no processo. Eles não apenas realizam procedimentos médicos complexos, mas também oferecem apoio emocional e informação, ajudando a guiar doadores, receptores e suas famílias através de uma jornada que é ao mesmo tempo desafiadora e transformadora.
A decisão de se tornar um doador de órgãos é profundamente pessoal, mas seu impacto é universal. Ao optar pela doação, indivíduos e famílias demonstram um ato de generosidade incomparável, proporcionando a estranhos uma nova oportunidade de viver. Este gesto de amor e solidariedade é um poderoso lembrete de nossa conexão humana e da capacidade de fazer o bem, mesmo nos momentos mais difíceis.
“O transplante começa com doação. Sem doador não tem transplante. Se aumentar o número de doadores, o sistema comporta. Temos muitos centros transplantadores que poderiam ser mais utilizados do que são, por falta de doação. Um único doador pode salvar até dez vidas”, explica Paulo Pêgo Fernandes, chefe da Divisão de Cirurgia Torácica do InCor em entrevista à CNN Brasil.
Quero ser doador
O aumento nas doações de órgãos é uma notícia que traz luz e esperança. Cada órgão doado é uma história de vida, cada transplante bem-sucedido é um triunfo sobre a adversidade. Essa crescente onda de solidariedade nos lembra da bondade inerente à humanidade e da incrível diferença que podemos fazer na vida de alguém, com um simples ato de doação.
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. Há dois tipos de doador: o primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só serão doadores com autorização judicial.
O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Fontes: Imagine Acredite com apoio ASCOM Ministério da Saúde