Os últimos 10 anos foram de muitas conquistas para todos que fazem o segmento das comunidades terapêuticas. É que nesse período, houve o financiamento de vagas por parte do governo federal, a aprovação da PLC 37, e o reconhecimento das CTs pelos três poderes como prestadoras de um serviço de excelência.
Aliado a isso, com o início do governo Bolsonaro, houve a implementação da nova Política Nacional Sobre Drogas, da nova Lei Antidrogas, da expansão do número de vagas financiadas em CTs – que saiu de 2.000 para 20.000 – e do fortalecimento do segmento por meio de políticas desencadeadas pela Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred) do Ministério da Cidadania.
A verdade é que nos últimos anos as comunidades terapêuticas, que estão no Brasil há mais de 50 anos, passaram a viver um novo momento em sua trajetória de resgate de vidas abaladas pelas drogas e tudo isso é resultado do empenho das federações e confederações ligadas ao setor, sem esquecer de nomes como o do deputado federal Eros Biondini, do senador Eduardo Girão e do ex-ministro da Cidadania e agora deputado federal Osmar Terra.
Os nomes são de peso. No entanto, como dizem no interior do Brasil, a política é como uma nuvem que hoje está de um jeito e amanhã pode estar de outro. Por isso, para garantir as conquistas já alcançadas e dar continuidade ao fortalecimento das importantes comunidades terapêuticas, elas necessitam de união em nível federal, estadual e municipal. Para quê? A resposta é simples.
As comunidades e federações precisam estar unidas para serem capazes de elegerem seus representantes na Câmara de Vereadores, na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados e/ou no Senado Federal. O segmento precisa colocar nesses espaços nomes que venham das suas bases e/ou que defendam os seus interesses à altura. Esta é a resposta que as CTs devem dar a volatilidade da política a fim de garantir a permanência dos seus direitos já adquiridos.
Eleger um representante não é fácil, mas com a união das entidades e batalha não será impossível. Uma vez que, por exemplo, o Distrito Federal possui 30 CTs. Se essas entidades se unirem entre si e com as famílias dos acolhidos e ex-acolhidos, elas terão a oportunidade de encontrar um nome entre eles que tenha a capacidade de representá-los num determinado espaço de poder.
Escolhido o nome, para evitar amarras políticas, todos permaneceriam unidos com o objetivo de elegê-lo somente para defender os interesses do setor, haja vista que os espaços legislativos gozam de muitas lideranças voltadas ao setor econômico, como o agronegócio. Com isso, se cada estado eleger um representante ligado às CTs, dificilmente os direitos do setor serão perdidos diante de qualquer governante de plantão, até porque é no legislativo onde tudo é construído, debatido e aprovado para ser colocado em prática.
Ressalte-se que as comunidades terapêuticas não possuem nenhum representante direto que seja oriundo das suas bases e que tenha sido eleito com as suas bandeiras. Até porque apesar de defender as CTs, os representantes do segmento não foram eleitos tendo as comunidades como sua principal bandeira.
Portanto, as CTs precisam de um representante em cada estado, município e em âmbito nacional que tenha saído das suas bases, que tenha passado pelo tratamento terapêutico, ou que vista de fato a camisa das entidades e que acima de tudo já demonstrem amor pela causa, para daí ser eleito para manter assegurado nos espaços de poder as conquistas já alcançadas. Sendo assim, a união das comunidades com as famílias e as federações é mais do que URGENTE!
Por Sérgio Botêlho Júnior