Desde que foi colocado em pauta no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento que pode legalizar o consumo de drogas no Brasil, o movimento contrário a este ato tem crescido exponencialmente. Tanto é que de 12 subiu para 43 o número de cidades que terão a Marcha das Famílias Contra as Drogas.
De acordo com o levantamento feito pelo Imagineacredite, além do governo federal, comunidades terapêuticas e suas federações e confederação, a Marcha das Famílias também passou a contar com o apoio de instituições como a Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e Drogas (ABEAD), do Grupo Reage São Paulo, da ONG Salve a Si, das igrejas católica e evangélica, além de outros setores da sociedade brasileira.
O movimento está tão intenso que a ABEAD divulgou uma carta aberta aos membros do STF. Nela, a associação faz importantes questionamentos a respeito de uma possível legalização, com o objetivo de saber se a corte tem o conhecimento dos verdadeiros impactos a serem causados pela medida, se o país dispõe de estrutura policial capacitada para diferir usuário de criminoso, bem como sobre a percepção das drogas perante a sociedade brasileira.
“Enfim, mais importante do que apresentar uma posição “sim” ou “não” quanto à descriminalização, a ABEAD gostaria que essas questões fossem norteadoras para que os Senhores Ministros tenham maior clareza ao decidir a respeito dessa mudança que pode trazer consequências nocivas se não for realizada de forma responsável e fundamentada cientificamente”, diz a carta.
Seguindo os questionamentos da ABEAD, Ibaneis Rocha, Governador do Distrito Federal também se colocou contra a legalização das drogas. Segundo ele, nem o país e nem o mundo estão prontos para lidar com o flagelo das drogas e que se isto ocorrer no Brasil, o país contará com zumbis e milionários, o que resultará no aprofundamento da crise nas famílias, nos Estados e na segurança.
“Então sou totalmente contrário e acho que o país não deveria ter nem isso como pauta. A pauta do país hoje é como recuperar os milhares de drogados que temos e as milhares de famílias que aguardam uma assistência mínima do estado”, salientou o Governador do Distrito Federal.
Já o frei Hans Stapel Ofm, fundador da Fazenda da Esperança, considera a maior comunidade terapêutica da América Latina, lamentou a iniciativa do STF. “Há 36 anos trabalho com jovens que estão presos no mundo da dependência. Todos começaram de leve e depois entraram num buraco sem saída. Não devemos enganar a nossa juventude dizendo que depois de liberar a droga é que iremos controlar, isso não existe. Devemos ter coragem de dizer aos jovens não as drogas, sim a vida. A questão é muito séria! Olha para os países onde foi liberado”, argumentou o religioso.
Na mesma linha, o Senador da República Magno Malta (PR) afirmou que a luta contra as drogas é de todos os brasileiros. “Essa é uma bandeira de vida. É a luta dos nossos filhos, netos e do futuro do Brasil. E a história de que a gente cuida da criança, porque ela é o futuro do Brasil é tudo mentira, infelizmente. Criança é o presente e se não cuidar do presente não teremos futuro”, destacou o político.
Além dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) convocou a população brasileira para ir às ruas neste domingo, 03. “Essa é uma pauta que a gente sabe que leva a morte e a desgraça das famílias. Numa sociedade desesperada como a nossa, onde a criminalidade é altíssima, muitas das vezes as pessoas aceitam qualquer coisa para tentar sair dessa situação. Então estou aqui somando esforços em prol da Marcha de Deus Contra as Drogas”, observou.
Já o presidente Jair Bolsonaro, na frente do Palácio da Alvorada, em Brasília-DF, afirmou que é e sempre será contra as drogas. “Quem puder participar da marcha vá! Afinal de contas, nós sabemos que é uma pressão de setores da sociedade para liberar às drogas e se isso acontecer, a situação do Brasil vai ficar muito pior”, frisou o presidente.
Outro que se posicionou contrário ao movimento do STF foi o médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira, considerada uma das maiores autoridades na área. Segundo ele, o julgamento está fora de hora. “O STF já tem três votos favoráveis, no entanto, o Congresso Nacional já decidiu sobre isso, com audiências públicas no Brasil inteiro e refletiu a opinião das famílias. 90% das famílias no Brasil não querem a descriminalização das drogas, então nós que somos os responsáveis por nossos filhos temos que nos reunir, no dia 03 de novembro, numa marcha para deixar muito claro para todo o mundo que nós país não somos a favor da legalização das drogas”, convocou.
Cabe destacar que um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mais de 270 milhões de pessoas em todo o mundo usaram drogas em 2017, o que equivale a 5,5% da população mundial. Por isso, diante da gravidade da pauta, espera-se que neste domingo muitas famílias formem multidões em todo o Brasil para dizer não às drogas.
Por Sérgio Botêlho Júnior