O Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Delegado Federal Sandro Avelar, concedeu uma entrevista à Revista ImagineAcredite, abordando questões importantes sobre a segurança na capital federal. Com uma vasta experiência na Polícia Federal, Avelar compartilhou sua trajetória, os desafios enfrentados por sua gestão e as iniciativas para reduzir a criminalidade e aumentar a sensação de segurança entre os moradores do Distrito Federal.
Durante a conversa, o secretário destacou a importância de enfrentar os crimes violentos, como homicídios, latrocínios e feminicídios, que, embora estejam em queda, ainda preocupam a população. Ele mencionou que, além de reduzir os índices, é fundamental transmitir à população a sensação de segurança. “Embora os números mostrem queda, nosso grande esforço é fazer com que a população realmente se sinta protegida”, afirmou Avelar.
Segundo o secretário, crimes contra o patrimônio, como furtos e roubos, afetam diretamente a percepção de segurança dos cidadãos. Para combater esses delitos, a secretaria tem investido na modernização de equipamentos e na adoção de novas tecnologias, como câmeras de monitoramento e sistemas de reconhecimento facial e de placas de veículos. Avelar destacou que, apesar das dificuldades, Brasília tem registrado avanços: “Comparado aos demais estados, hoje só perdemos para Santa Catarina. Mas queremos superar isso”.
Avelar também reforçou que a atuação integrada com a sociedade civil e as forças de segurança é crucial para o sucesso das políticas públicas de segurança. Ele ressaltou que a segurança é responsabilidade de todos e que o envolvimento das comunidades pode fazer a diferença. “Defendemos muito a soma de esforços. Segurança pública é dever do Estado, mas é responsabilidade de todos”, explicou em entrevista ao jornalista Sérgio Botelho Junior.
Desafios na gestão da segurança
Avelar falou também sobre os desafios enfrentados pela Secretaria de Segurança Pública, especialmente a defasagem no efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil. Ele lembrou que, em 2012, a Polícia Militar contava com cerca de 16 mil policiais, enquanto hoje esse número caiu para cerca de 10 mil. A Polícia Civil, que já teve mais de 6 mil agentes, atualmente possui menos de 4 mil em seu quadro.
Para enfrentar esse déficit, o Governo do Distrito Federal tem promovido concursos para recompor os quadros das corporações. Além disso, a secretaria tem apostado no uso de tecnologias avançadas para compensar a falta de pessoal. “Estamos instalando câmeras com reconhecimento facial e de placas em todas as regiões administrativas. Isso nos ajudará a identificar pessoas e veículos envolvidos em crimes”, explicou Avelar.
A secretaria também investe em ações preventivas, como o uso de ferramentas tecnológicas que desestimulam o crime, mostrando que os criminosos estão sendo monitorados. Essas iniciativas, segundo o secretário, não apenas previnem crimes, mas também aumentam a sensação de segurança da população. “Os equipamentos têm uma função preventiva importante. A ideia é que a população se sinta segura e que os criminosos saibam que estão sendo vigiados”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Avelar acredita que o Distrito Federal está no caminho certo. Ele destacou que, comparando com outros estados, Brasília tem números positivos em termos de segurança pública. No entanto, ele admite que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a excelência. “Nossa meta é superar Santa Catarina e nos tornarmos a unidade federativa mais segura do Brasil”, declarou.
Combate à violência contra a mulher
Um dos temas prioritários para a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal é o combate à violência doméstica e ao feminicídio. Avelar destacou que a secretaria tem implementado programas voltados à proteção de mulheres em situação de risco, como o “Viva Flor”. Esse projeto oferece um dispositivo de segurança que permite à vítima acionar a polícia rapidamente caso perceba que está em perigo.
“Esse dispositivo já salvou várias vidas”, afirmou o secretário.
Além disso, o Distrito Federal conta com o Dispositivo Móvel de Proteção (DMP), em parceria com o Tribunal de Justiça, que permite o monitoramento de mulheres vítimas de violência doméstica. Avelar destacou que o projeto foi reconhecido nacionalmente, recebendo o prêmio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pela sua eficácia. “Temos trabalhado muito com a tecnologia para proteger as mulheres”, enfatizou.
O secretário ressaltou que o combate ao feminicídio é uma prioridade em sua gestão, com a meta de atingir feminicídio zero no Distrito Federal. Ele acredita que a sociedade precisa se envolver mais nessa luta, denunciando casos de violência e oferecendo apoio às vítimas. “A sociedade tem um papel fundamental nessa questão. Precisamos de uma mudança cultural para que as mulheres não sejam mais subjugadas por seus agressores”, disse.
Avelar também destacou a importância da imprensa nesse combate, pedindo que o tema seja tratado com responsabilidade. Segundo ele, a forma como as notícias são veiculadas pode tanto ajudar quanto prejudicar os esforços no enfrentamento à violência doméstica. “O papel da imprensa é muito importante. A maneira como as notícias são divulgadas pode ajudar a combater a criminalidade ou, em alguns casos, até estimulá-la”, alertou.
Parcerias e o futuro da segurança no DF
Para Avelar, as parcerias com a sociedade civil, o setor privado e o governo federal têm sido fundamentais para fortalecer a segurança pública no Distrito Federal. Ele destacou a colaboração com comerciantes e moradores, que cedem imagens de câmeras de segurança particulares para auxiliar a polícia. “Essas parcerias nos ajudam a monitorar melhor as áreas e a proteger a população”, afirmou.
A secretaria também tem promovido projetos como o “Vizinhança Segura”, que incentiva a colaboração entre vizinhos e a polícia para a prevenção de crimes. Outra iniciativa é a Conferência de Segurança Pública do Distrito Federal, que acontecerá em novembro e reunirá diversos setores da sociedade para debater melhorias na segurança. “Esse diálogo com a comunidade é essencial para aprimorarmos nossas ações”, destacou o secretário.
Avelar acredita que a segurança pública deve ser construída com base na transparência e no respeito à sociedade. Ele mencionou que a secretaria está aberta a sugestões e críticas da população e que essa postura tem ajudado a alcançar melhores resultados. “A gente precisa ouvir a sociedade, entender suas demandas e agir com transparência”, explicou.
Apesar dos avanços, Avelar afirma que ainda há muito a ser feito, especialmente para garantir que todos os cidadãos se sintam protegidos. “O desafio é grande, mas estamos comprometidos em fazer o nosso melhor. Queremos deixar um legado de segurança para as futuras gerações”, concluiu.
Trajetória na Polícia Federal
Sandro Avelar ingressou na Polícia Federal após uma carreira promissora no campo jurídico. Antes de se tornar delegado, ele já havia sido aprovado em concursos para juiz e procurador, mas decidiu seguir outro caminho após uma conversa decisiva com seu pai. “Meu pai disse que eu não podia deixar de me dar a oportunidade de ser delegado federal. Foi uma escolha acertada”, relatou o secretário.
Na Polícia Federal, Avelar ocupou cargos de destaque, como Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado e Diretor Executivo da instituição, função considerada o segundo maior posto na hierarquia. Além disso, ele foi adido da Polícia Federal no Reino Unido e presidiu a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal por dois mandatos. “Acho que fiz uma carreira digna e tenho muito orgulho da minha trajetória na Polícia Federal”, comentou.
Sua experiência como delegado influenciou diretamente seu estilo de liderança, que ele define como transparente e baseado no exemplo. Segundo Avelar, liderar com clareza e respeito é essencial para a construção de um ambiente de segurança mais eficaz. “Procuro gerenciar com energia, mas respeitando todos os colegas. Transparência é a chave para colher bons resultados”, disse.
Esse estilo de liderança foi moldado, em parte, por sua atuação em cargos de representação, o que lhe proporcionou uma boa convivência com outras instituições, como a Polícia Civil. Ele ressaltou que essa relação tem sido importante para a integração entre as forças de segurança. “Tenho grandes amigos que hoje ocupam posições estratégicas, como o Diretor-Geral da Polícia Civil, que é meu contemporâneo”, contou.
Por Tércia Diniz
Fotos: Reprodução/Assessoria