Nesta quinta-feira (11), último dia da 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), o auditório Recôncavo Baiano foi o local de um painel dedicado à gestão de resíduos sólidos. O evento reuniu especialistas de diversas áreas para discutir os obstáculos na implementação de políticas eficazes de descarte e reciclagem, além de explorar soluções práticas para os problemas que afetam as cidades brasileiras.
A engenheira florestal Fabiana Rocha abriu as discussões, abordando a complexidade da gestão de resíduos e os efeitos negativos do consumo humano. Ela ressaltou a urgência de efetivar políticas de descarte sustentável, indicando que os desafios atuais estão frequentemente relacionados à falta de comprometimento com sua implementação. Fabiana destacou que a situação se agrava em países em desenvolvimento, onde a gestão do lixo é muitas vezes negligenciada.
Apresentando dados preocupantes sobre Manaus, sua cidade natal, Fabiana mencionou que apenas 2,1% dos resíduos são reciclados, o que evidencia um quadro alarmante. Essa realidade impacta a saúde pública e o meio ambiente, uma vez que o descarte inadequado leva à contaminação do solo e das águas, além de representar riscos para a fauna local. A engenheira enfatizou a necessidade urgente de ações mais eficazes que transcendam propostas superficiais.
O economista Kadmo Cortês, presidente do Instituto Lixo Zero Brasil, deu sequência ao painel, sublinhando a importância da atuação dos engenheiros na busca por soluções para o problema dos resíduos. Ele argumentou que a responsabilidade pela gestão do lixo deve ser compartilhada entre todos os setores da sociedade, incluindo cidadãos, empresas e governos. Essa colaboração é considerada essencial para o sucesso das iniciativas voltadas para a destinação adequada dos resíduos.
O engenheiro de materiais Giscardi Cavalcante abordou a relevância da educação e da conscientização desde a infância. Ele destacou que, para mudar o comportamento da sociedade em relação ao lixo, é crucial que as escolas estejam preparadas para ensinar sobre a separação e o descarte correto dos materiais. Cavalcante observou que a falta de educação nesse aspecto representa um dos principais obstáculos à promoção de uma cultura de responsabilidade no descarte.
Em seguida, o engenheiro civil e ambiental José Fernando Thomé discutiu a requalificação de áreas afetadas por lixões desativados. Ele apresentou uma visão técnica sobre a recuperação desses espaços, desmistificando a ideia de que esse processo é extremamente caro. Thomé argumentou que, com planejamento adequado, é viável reverter os danos e transformar áreas degradadas em locais aproveitáveis.
O engenheiro civil Eduardo Maia encerrou as apresentações discutindo a recuperação de áreas afetadas por resíduos sólidos urbanos. Ele destacou que o futuro das cidades está intimamente ligado à capacidade de lidar com os danos resultantes do acúmulo de lixo. Maia reafirmou a importância da engenharia na promoção de um desenvolvimento sustentável e na recuperação ambiental, fundamentais para as futuras gerações.
O painel sublinhou a necessidade de uma abordagem integrada para a gestão de resíduos, ressaltando que a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento é crucial para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos. As discussões indicaram que a solução para os problemas relacionados ao lixo requer conscientização, educação e ação conjunta da sociedade.
Por: Tércia Diniz
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