Nesta terça-feira (8), a 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA) sediou um painel central que abordou a COP-30 e o papel que o Sistema Confea/Crea e a Mútua desempenham nas ações globais para combater as mudanças climáticas. Com a presença de engenheiros, agrônomos e autoridades, o encontro destacou a preparação do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá em Belém, em 2025. A COP-30 coloca o Brasil em uma posição estratégica nas negociações globais, oferecendo uma plataforma para discutir a sustentabilidade e a preservação ambiental em um contexto de profundas mudanças climáticas. A moderadora foi a Eng. Civ. Adriana Falconeri (Presidente do Crea-PA).
Durante o painel, especialistas ressaltaram a urgência de desenvolver tecnologias limpas e inovadoras, capazes de transformar a forma como o país produz energia e utiliza seus recursos naturais. A engenharia, representada por diversas áreas do conhecimento, será uma potência nesse processo de transição, em que o Brasil, especialmente a Região Amazônica, desempenha um papel vital. As discussões apontaram para a necessidade de iniciativas que fomentem uma economia mais verde e inclusiva, considerando o cenário global em que o país é um dos principais emissores de gases provenientes do desmatamento ilegal e da gestão inadequada de terras agrícolas.
“A Nasa nos aponta para sinais vitais da elevação da temperatura e também da concentração de gases de feito estufa. Segundo a Nasa, nós estamos com 427 partes por milhão, o que já está muito além daquilo previsto pela ciência e com um aumento de temperatura já comprovado de 1,4 graus. Temos outros sinais vitais que também nos remetem as preocupações com os desastres ambientais, com os impactos dos eventos climáticos extremos, impactos sobre a saúde, sobre a agricultura, sobre a biodiversidade e sobre a vida como um todo”, alerta o Eng. Ftal. Carlos Roberto Sanquetta (Professor da UFPR).
O encontro também destacou a importância do planejamento urbano sustentável para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, especialmente em regiões vulneráveis, como a Amazônia. Com foco na adaptação das cidades, o painel reforçou o papel de políticas públicas que promovam a sustentabilidade nas áreas rurais e urbanas, priorizando a conservação de ecossistemas e a redução das emissões. A expectativa é de que o Brasil leve essas discussões para a COP-30, fortalecendo seu protagonismo nas negociações climáticas.
Desenvolvimento econômico com e preservação ambiental
Um dos tópicos discutidos foi a criação de inventários de emissões de carbono como um passo crucial para atingir metas mais ambiciosas de descarbonização. Especialistas sugeriram que esses inventários são ferramentas fundamentais para que empresas, governos e cidades possam mapear suas emissões e desenvolver planos concretos de mitigação. O foco está em práticas que possam não só neutralizar as emissões, mas também gerar resultados positivos, como a remoção de carbono da atmosfera.
Além das tecnologias, o papel da engenharia é visto como essencial para a construção de cidades resilientes, capazes de se adaptar às mudanças climáticas. O planejamento urbano sustentável, com ênfase na preservação de áreas verdes e na melhoria da infraestrutura, foi citado como uma necessidade urgente, especialmente em regiões urbanas vulneráveis, como as cidades da Amazônia. A engenharia sanitária, por exemplo, foi apontada como uma aliada na promoção de um saneamento ambiental adequado em áreas de risco.
Por fim, os palestrantes reforçaram a importância da formação de profissionais capacitados para lidar com os desafios climáticos. A adoção de competências verdes nos cursos de engenharia foi destacada como uma maneira de garantir que as futuras gerações possam contribuir para o desenvolvimento de uma economia mais sustentável, com soluções tecnológicas que respeitem o meio ambiente.
Brasil é um dos maiores emissores de gases
Um dos pontos centrais do Painel foi o manejo adequado do solo como uma ferramenta essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O engenheiro agrônomo Clever Briedis destacou que o uso sustentável do solo pode ajudar a reduzir significativamente a emissão de gases de efeito estufa, como o metano, que está fortemente relacionado à atividade agrícola. A agricultura regenerativa foi apontada como uma solução para recuperar solos degradados e garantir uma produção sustentável.
“O efeito de estufa nada mais é do que um evento natural, onde a terra se aquece e mantém as condições essenciais para a vida. Entretanto, o aumento no processo de aquecimento na terra, tem elevado os gases de efeito de estufa, como, por exemplo, o CO2 e o metano, faz com que essa intensificação cause mudanças climáticas, efeitos negativos no aquecimento global, provocando efeitos adversos para a sociedade”, pontua o Eng. Agr. Clever Briedis (Professor da UFV).
A integração da engenharia agronômica com outras disciplinas foi destacada como um passo necessário para avançar em soluções mais eficientes para a agricultura. Isso inclui a utilização de ferramentas tecnológicas, como sensores e drones, para mapear o solo e otimizar a produção de alimentos de forma sustentável. A agricultura de precisão foi apontada como uma ferramenta importante nesse contexto, permitindo que os agricultores tomem decisões mais informadas sobre o uso dos recursos naturais.
O painel alertou para a necessidade de um compromisso maior do governo e das empresas do setor agrícola em promover uma agricultura que seja ao mesmo tempo produtiva e sustentável, de modo a garantir a segurança alimentar e a preservação ambiental.
Ações necessárias para alcançar as metas estabelecidas no Acordo de Paris
A participação do Brasil na COP-30 coloca o país na vitrine global da sustentabilidade, com grandes expectativas sobre seu papel nas negociações climáticas. O evento, que acontecerá em Belém, será uma oportunidade para o Brasil mostrar seus avanços na promoção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável, especialmente no que diz respeito à preservação da Amazônia e à redução das emissões de carbono.
A COP-30 será uma plataforma para o Brasil demonstrar sua capacidade de liderar ações climáticas no cenário global. O país já se comprometeu a reduzir suas emissões em até 43 mil toneladas até 2030, dentro dos parâmetros do Acordo de Paris. Além disso, o Basil está em transição para uma economia verde, com potencial para liderar setores como a agricultura sustentável e as energias renováveis.
“Nós temos vários desafios, como a mudança climática e o combate à fome e da segurança alimentar. Nós temos junto a isso um crescimento vertiginoso da população mundial, e o Brasil é um importante player global da promoção de alimentos. Nesse sentido, precisamos fazer duas reflexões: o que nós podemos fazer para evitar o avanço do aquecimento global e qual deve ser o nosso papel, o do Brasil, no combate às mudanças climáticas”, diz Eduardo Queiroz (Coordenador de Relações Governamentais do Sistema OCB).
Por: Tércia Diniz
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