Há pouco menos de 20 dias do primeiro turno das eleições municipais de 2024, a disputa pela Prefeitura de São Paulo segue pegando fogo. Prova disso é que no último debate promovido pela TV Cultura, o candidato Pablo Marçal (PRTB) foi agredido pelo candidato José Luiz Datena (PSDB) com uma cadeirada. O caso repercutiu em todo o país e assustou todas as pessoas que acompanham a política brasileira de perto.
O susto ocorreu, porque na democracia o que deve prevalecer é o respeito às diferenças e o amplo direito de apresentar propostas ao eleitorado que dará a palavra final com o sagrado voto secreto na urna. Portanto, em um país que é uma das maiores democracias do mundo, como é o caso do Brasil, o respeito deve prevalecer independentemente de qualquer diferença, mas por que São Paulo chegou a tal ponto?
Antes de responder a pergunta, é importante ressaltar que nas eleições de 2024 alguns casos de agressões físicas já foram registrados durante a realização de debates. No Piauí, por exemplo, o prefeito e candidato a reeleição, Dr. Pessoa (PRD), deu uma cabeçada no candidato do PSOL à Prefeitura de Teresina, Francinaldo Leão. Mas lá, os ânimos não ficaram tão exaltados e logo foram acalmados, o que permitiu a continuidade do debate sem qualquer expulsão. Como se diz no nordeste: o prefeito “pagou de doido”.
Já em São Paulo, a agressão foi o estopim de uma postura agressiva adotada pelo candidato a prefeito Pablo Marçal (PRTB), que desde o início da campanha tem buscado desestabilizar os seus adversários para se mostrar como o homem forte e capaz de transformar a capital paulista. Uma das suas ações é colocar apelidos: Guilherme Boulos (PSOL) costuma ser chamado por ele de cheirador, enquanto Datena – autor da cadeirada – foi apelidado de Dapena e comedor de açúcar, além de ter tido a sua masculinidade questionada pouco antes de desferir a agressão.
Além disso, em tempos de redes sociais, em que a atenção acaba sendo extremamente importante no processo de conquista do voto, Marçal utiliza-se de várias técnicas de comunicação para dispersar a atenção do público perante as falas dos seus adversários e prendê-los em assuntos do seu interesse. Com isso, o candidato do PRTB tem visto o seu engajamento nas redes sociais crescerem. Somente no Instagram, ele goza de 5,1 milhões de seguidores em uma conta reserva, que foi aberta após a Justiça – em meio a campanha eleitoral – determinar a suspensão de sua conta oficial.
Cabe destacar que a estratégia de Marçal, que pode ser criticada em vários aspectos, está dando certo, pois ele segue crescendo nas pesquisas de intenção de voto. O levantamento divulgado na última segunda-feira, 16, pelo Instituto Real Time Big Data/TV Record, por exemplo, registrou um triplo empate técnico entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal e Guilherme Boulos. Portanto, ser agredido ou alvo de um atentado seria o que faltava a Marçal para faturar a eleição, tanto é que ao ver que seria agredido, o candidato do PRTB disse: “vai!”; enquanto o apresentar Leão Lobo interviu, sem sucesso, com um: “Não, Datena!”.
Após a cena, Datena foi expulso e Marçal se mostrou disposto a continuar no debate, até que um cálculo político o fez deixar a TV Cultura dentro de uma ambulância para atendimento médico. Tudo devidamente filmado e espalhado na internet, onde o agredido, tempos depois, afirmou perdoar o seu agressor. Por fim, se Pablo vai conseguir alguma vantagem com isso, somente as próximas pesquisas eleitorais dirão. E não é que vítima seja sempre a causadora da agressão, mas é que esse filme o Brasil já assistiu antes. O Bolsonaro, quando da facada, obteve ganhos políticos, tanto que ele relembra o fato até os dias atuais.
De toda forma, a ImagineAcredite espera que os debates ocorram dentro das normas estabelecidas e muito respeito entre os candidatos, para que os eleitores possam fazer, de forma sábia e consciente, a melhor escolha no dia 6 de outubro.
Por Thiago Farias