O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) realizou, no dia 25 de junho, no Windsor Brasília Hotel, uma solenidade em comemoração ao Dia Internacional da Mulher na Engenharia. O evento reuniu engenheiras de diversas áreas para celebrar suas contribuições e destacar a importância da presença feminina no setor.
A programação incluiu uma palestra sobre “Programas, ações, projetos e atividades de valorização das mulheres”, que detalhou diversas iniciativas voltadas para a promoção da equidade de gênero na engenharia. A discussão trouxe à tona a importância de políticas efetivas e contínuas para garantir a participação plena e igualitária das mulheres no setor.
“Nós sabemos que existem muitos obstáculos, o preconceito, o assédio, a dificuldade. Mas o CONFEA está disponível para debater e entregar ações concretas”, diz o presidente do CONFEA, Vinicius Marchese.
Para Ana Claudia Gomes, vice-presidente de Responsabilidade Social da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), é importante que haja equidade no setor público e privado. “É fundamental que cada vez mais mulheres ocupem seus espaços. Que as empresas acolham de forma respeitosa. Precisamos preparar as empresas para que a mulheres possam ter um ambiente de trabalho justo, com igualdade salarial e respeito”
“É importante entender que enfrentar as desigualdades de direitos entre homens e mulheres é estruturante para a construção de uma sociedade mais justa. Não teremos uma sociedade mais justa enquanto nós tivermos dor em sermos mulheres. E dor não porque nascemos mulheres, mas porque há uma construção de gênero que subalternizam as mulheres, que estabelecem para as mulheres os espaços domésticos, em detrimentos dos espaços de poderes. Nós não vamos construir uma democracia enquanto nós tivermos esse nível de sub-representação feminina no Congresso Nacional. Precisamos ocupar os espaços decisórios”, alerta a deputada federal, Erika Kokay, convidada especial.
Outro momento a ser destacado foi quando a deputada e engenheira civil e secretária da Mulher e Igualdade Racial do Paraná, Leandre Dal Ponte, subiu ao palco para uma apresentação que emocionou o público. Em sua fala, intitulada “Como ser mulher na Engenharia: dos desafios enfrentados às conquistas”, Dal Ponte compartilhou suas experiências pessoais e profissionais, destacando os obstáculos superados e as vitórias alcançadas ao longo de sua trajetória.
Combate à violência nas organizações
Durante a cerimônia foi lançada a cartilha da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em parceria com o Instituto Nós por Elas, intitulada “Boas práticas no combate à violência contra as mulheres nas organizações”. O documento simboliza um marco na luta contra a violência no ambiente de trabalho, estabelecendo diretrizes para a construção de espaços mais seguros e respeitosos para todas as profissionais.
Para o presidente da ABNT, Mário William Esper, é importante que a sociedade debata questões de segurança e bem-estar para as mulheres. “Eu tenho orgulho que elaboramos a primeira norma do mundo de prevenção e combate à violência contra as mulheres. A ISO, com mais de 190 países, transformou a nossa norma internacional e temos a disputa de vários países querendo participar desse Comitê”.
“Nessa jornada de conquistas de direitos ainda nos deparamos com dados tristes e alarmantes. A cada 46 minutos uma mulher sofre algum tipo de violência no Brasil. Precisamos questionar o que as instituições estão fazendo para ajudar as mulheres. Precisamos ser protegidas”, diz Natalie Alves, advogada e presidente do Instituto Nós por Elas.
Dia Internacional das Mulheres na Engenharia
A data foi estabelecida pelo Women’s Engineering Society (WES), no Reino Unido, em um esforço para destacar e valorizar as contribuições das engenheiras em um setor historicamente dominado por homens. A origem dessa data remonta à necessidade de aumentar a visibilidade das mulheres na engenharia e de inspirar futuras gerações a seguir carreiras em áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Atualmente, 223.711 mulheres estão registadas no Sistema, o que representa 20%.
Diante disso, o CONFEA tem adotado diversas ações inclusivas, como o Programa Mulher, instituído em setembro de 2019, nos 27 Conselhos Regionais. A presença feminina nos Conselhos Regionais e em cargos de liderança tem aumentado, refletindo o compromisso da instituição em garantir uma representatividade mais equilibrada.
“O CONFEA tem uma série de iniciativas e, graças ao Programa Mulher, implantado na gestão do engenheiro Joel Krüger, nós conseguimos chegar ao amadurecimento esse debate. E a engenheira Poliana Krüger, na gestão em São Paulo durante três anos, fortaleceu o programa, estimulando a criação desse programa aos demais estados”, reconhece o presidente do Confea, Vinicius Marchese.
“É um programa inovador com o objetivo de aumentar a participação e a inclusão das mulheres nos setores da engenharia, agronomia e geociências. Nós estamos conseguindo ir além. Já conseguimos muito dentro do Sistema e nós vamos lutar pelas mulheres que trabalham na iniciativa privada, atingir as empresas”, pontua a Conselheira Federal, Carmem Petraglia.
“Com o resultado das eleições de 2020, o número de regionais liderados por engenheiras subiu para seis. E hoje, orgulhosamente, contamos com oito regionais presididos por mulheres. É um avanço significativo na representatividade feminina”, acrescenta a engenheira mecânica, Michele Costa, membra do Comitê Gestor do Programa entre 2021 e 2023.
As campanhas de comunicação do CONFEA também têm dado visibilidade às histórias de sucesso de engenheiras em diversas áreas. Por meio de publicações, vídeos e eventos online, essas campanhas buscam inspirar jovens mulheres a ingressarem na engenharia, mostrando exemplos reais de profissionais que superaram barreiras e alcançaram reconhecimento.
Outra iniciativa relevante é a promoção de palestras e workshops focados na valorização das mulheres na engenharia. Essas atividades abordam temas como liderança feminina, igualdade de oportunidades e estratégias para lidar com preconceitos no ambiente de trabalho. O CONFEA também tem trabalhado em parceria com outras entidades e instituições de ensino para fortalecer a presença feminina na engenharia desde a formação acadêmica.
ASCOM IMAGINE ACREDITE
fotos: reprodução/LinkedIn CONFEA