A Lei federal 10.097/00 criou o programa Jovem Aprendiz com o objetivo de inserir, por meio de capacitação profissional, os adolescentes e jovens no mercado de trabalho em todo o país. E a missão da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, que completa 35 anos em 2021, é acolher as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos para proporcionar a cada acolhido um futuro melhor, visando a inclusão e o protagonismo. Sendo assim, a instituição oferece amor, esperança, a presença de família e os cursos de capacitação e realiza diversas parcerias com empresas para encaminhar os adolescentes e jovens ao primeiro emprego. Entre as parcerias, está a empresa Casa do Sabão, que tem o projeto Jovem Aprendiz, coordenado por Maria Fernanda que foi entrevista pela ImagineAcredite e vai contar um pouco mais sobre o processo de seleção.
Mas antes, vamos contextualizar. A empresa tem 46 anos e possui uma distribuidora de alimentos, uma rede de 17 supermercado e a Casa do Sabão, localizada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, além de ser parceria do SENAC e da Casa do Menor. Com a instituição, a parceria começou em 2019 e já empregou 6 Jovens Aprendizes e com um diferencial. “Eu permaneci com a Casa do Menor porque eu tive uma experiência muito agradável no primeiro ano. E eu tive os gastos menores. São crianças e jovens extremamente educados e que tem foco. Como a gente também trabalha com outros segmentos, a gente percebe essa diferença”, diz Maria Fernanda, ao garantir que a diferença acalenta o seu coração pelos jovens que querem tanto progredir.
Segundo ela, a empresa hoje conta com três Jovens Aprendizes que colocam em prática o que aprenderam na Casa do Menor, como atenção, educação, carinho e dão o melhor de si em seus trabalhos. “São meninas muito dedicadas, observadas de uma maneira muito positiva, tanto por mim, quanto a Vanessa, que já foi Menor Aprendiz e trabalha comigo. A gente tá sempre observando os nossos menores e aí a gente consegue ter que ter uma quantidade de menores muito positivos e eu quero continuar trabalhando com a Casa do Menor”, destaca a Coordenadora, ao reconhecer a dedicação e a valorização que a instituição prepara os adolescentes e jovens para o mercado de trabalho.
Ao todo são 1.400 funcionários na empresa, sendo 81 Jovens Aprendizes que ficam na parte administrativa, dos quais 3 são da Casa do Menor. E a parceria começou meio que por acaso. “Vieram nos apresentar e eu e a coordenadora de RH, dona Fernanda Câmara, fomos fazer uma visita e gostamos muito do que vimos. Ficamos muito satisfeita com o que nos mostraram, o trabalho, o empenho, acolhida e aí a gente começou a trabalhar com eles. E tem sido uma experiência muito boa”, esclarece Maria Fernanda, ao dizer que a Casa do Menor é um grande projeto, pois em nenhum momento ela teve problemas com os Jovens Aprendizes contratados em sua empresa.
“Nós tivemos um aqui que infelizmente teve que nos deixar porque o planejamento de vida dele era outro, mas toda empresa ficou muito triste por ele ter ido embora, foi o menino que trabalhou conosco na área de informática. Esse menino tinha uma educação e tava sempre disposto a trabalhar, disposto a nos ajudar. Quando ele disse pro coordenador da área dele que queria ir embora, o coordenador ficou muito triste pois queria muito que ele tivesse aproveitado, mas esse jovem tinha objetivos de ser de professor de biologia, de fazer pesquisas em cima de alguns assuntos que lhe eram pertinentes, e ele achava que iam lhe fazer mais feliz. E a gente o deixou ir, mas eu particularmente, Vanessa também, a gente sente muita saudade do Alisson, porque era um menino de ouro”, relata Maria Fernanda emocionada.
E ela lembra que o projeto da Casa do Menor tem conhecimento de todos os jovens que são encaminhados para o programa Jovem Aprendiz. “A gente pede o jovem com a característica e eles mandam pra nós esse jovem. Então eu acho muito interessante e gosto muito de trabalhar com a Casa do Menor”, pontua. E antes de finalizar a entrevista, ela deixou uma dica para todos os jovens que querem iniciar no mercado de trabalho, mas não tem oportunidade e por meio parcerias conseguem o primeiro emprego. “Indo pro mercado de trabalho não vai ter só alegrias, vai ter algumas coisas que talvez o jovem não goste, talvez não se sinta feliz de fazer, mas que no fundo, ele vai ver que como aquilo ali acrescentou de uma maneira tamanha, que vai carregar essa bagagem profissional pro resto da vida”, observa.
“Dia 24 de abril foi dia do Jovem Aprendiz e não podemos comemorar por causa da pandemia. Então, a gente deu uma lembrancinha pra eles e fizemos questão de fazer um vídeo comunicando a alegria de ser o dia do aprendiz e eu contei pra eles uma historinha que era de um aprendiz e o seu professor, o seu encarregado, no nosso caso que é supermercado. O aprendiz foi visitar uma fazenda e nessa fazenda havia umas pessoas muito pobres, muito simples, uma área de plantio enorme, mas que só viviam de uma vaquinha. Essa vaquinha dava leite e era daí que vinha o sustento. E esse mestre ficou muito cismado com aquilo e quando estava indo embora, percebe que essa vaquinha está no precipício. E ele manda o seu aprendiz ir lá e jogar a vaquinha no precipício. Eu o aprendiz diz: “não, eu não vou tirar o sustento daquela família”. E ele disse, “vai, você vai”. E o aprendiz foi e jogou a vaquinha no precipício’, narra.
“Anos depois, esse aprendiz, volta essa fazenda e lá ele encontra uma coisa completamente diferente, com os mesmos donos do passado, quando ele estava com o seu professor. E ele pergunta, o que aconteceu? Vocês mudaram de vida? Vocês são as mesmas pessoas. E foi quando o dono falou, “aconteceu um acidente com a nossa vaquinha e para sobreviver tivemos que fazer outras coisas, começamos a oferecer produtos nas redondezas e a nossa vida foi melhorando”. E aí é que o aprendiz naquela época entendeu que as vezes a gente faz coisas que a gente não quer fazer, mas lá na frente será o nosso futuro. Então, eles têm que ter foco, vontade e eles precisam saber da importância deles dentro do mercado de trabalho”, finaliza.
Ascom Imagineacredite