A ImagineAcredite traz uma série de reportagens contando a história da Casa do Menor São Miguel Arcanjo que completa 35 anos em 2021. A instituição acolhe e dá a oportunidade para crianças, adolescentes, jovens e adultos serem protagonistas de sua própria vida. É o caso da Dandara Lorena, que entrou na instituição aos 14 anos e agora, com 25, é professora de Teatro e Circo. Na época ela conheceu a Casa por meio de amigos que brincavam com ela nas ruas do Rio de Janeiro. Um desses já fazia a Oficina de Circo e a convidou. “Eu confesso que o primeiro contato era muito mais poder brincar. E aí, com o tempo a gente vai pegando um pouco mais a seriedade, vai absorvendo mais do que o projeto quer passar pra gente, que é a metodologia da unidade, metodologia presença”, explica.
A Casa do Menor, desde o princípio, mostrou para Dandara que a condição financeira não era impedimento para alcançar os sonhos que ela almejava. “Eu sempre estudei em colégio público. Se eu fazia um curso de inglês era porque eu era apadrinhada por alguém. E aí a Casa do Menor veio pra abrir as portas de verdade. Aqui na Casa, eu fiz parte da Oficina de Circo, da Oficina de Dança, fiz Administração, fiz Cabeleireiro. Eu fui me descobrindo, porque é isso, eu fui fazendo tudo até descobrir onde era a minha vocação. E aí, eu tive a oportunidade do meu primeiro emprego, fui Jovem Aprendiz”, detalha Dandara, que com o dinheiro pagava parte dos estudos.
Ela fez Licenciatura em Teatro, na Estácio de Sá, com 70% de FIES, e 40% de bolsa. Apesar de estar empregada, sua vida não foi fácil, pois chegou um determinado momento que ela teve que escolher entre a faculdade ou as contas de casa e foi aí que ela contou novamente com a ajuda da instituição. “A Casa do Menor me ajudou com passagem, alimentação, material pra eu conseguir terminar a faculdade. Terminei a faculdade, fiz uma Escola Técnica de Teatro, a primeira Escola Técnica Dramática do Brasil Martins Penna, estou terminado”, diz Dandara, ao revelar que foi convidada para retornar à instituição como professora de Circo, uma de suas maiores alegrias. “Porque estar aqui, hoje, podendo devolver tudo que me deram pra outros jovens e adolescentes é uma alegria sem tamanho”, pontua.
Para ela, a instituição representa a metodologia presença, ser família, viver a unidade, o recomeço e um lugar de mais oportunidades. “A gente sente muita carência, às vezes, em casa, de outras coisas. Eu, por exemplo, eu tenho uma família, graças a Deus, que é muito amorosa. Mas os meus amigos não tinham. E aí, quando eu percebi isso, eu senti a necessidade de vim pra cá pra poder dar esse carinho, esse amor pros meus amigos também. E quem me fez perceber isso, que eu tinha muito o que doar e muito o que receber também, foi a Casa. Foi a metodologia presença. Ser família é o que chama”, conta Dandara sobre o que a encantou na Casa do Menor.
Questionada sobre o que significa chegar os 14 anos de idade e hoje estar como professora ensinando as crianças e adolescentes, ela garante que é uma satisfação. “Então, me fez entender ensinamentos e coisas, que me foi explicado lá com 14 anos. Então, hoje, poder estar passando pra eles tudo aquilo que um dia eu escutei, que eu fiz, que eu ouvi, e tá podendo hoje reproduzir pra eles, pra mim é de uma satisfação imensa, de uma alegria gigante, porque eu me enxergo neles. Eu sou eles, e eles sou eu, futuramente, assim. Eu faço por nós, não por mim”, finaliza.
Ascom Imagineacredite