Com quase 50 anos de existência, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) figura no Brasil e em mais 57 países do globo terrestre como uma das principais ferramentas de prevenção à criminalidade nas escolas. Por isso, a reportagem de Imagineacredite entrevistou o Coronel Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior, presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares (CNGC), órgão responsável pelo programa no Brasil.
De acordo com ele, que também é secretário de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina, a maior conquista do Proerd pode ser vista em cada formatura realizada. “A maior conquista é vivida durante a formatura do Proerd, onde as crianças se comprometem a se manterem longe das drogas e da violência. É o momento em que toda sociedade toma ciência do papel desenvolvido por nossos instrutores nas salas de aula de todo o Brasil. Apenas no ano passado, mais de um milhão e trezentas mil crianças e adolescentes passaram pelo Programa”, comemora.
E completa: “Outro ponto importante, nenhuma política pública perdurou por tanto tempo como o Proerd, e isso é o resultado dos esforços de nossos policiais militares, que contam com o apoio das escolas e da comunidade em geral e isso, para as polícias militares do Brasil, é uma grande conquista”.
Presente no Brasil desde 1992, o Proerd uma iniciativa aplicada exclusivamente pelas polícias militares dos estados brasileiros, com a cooperação de famílias e escolas. Seu objetivo é prevenir comportamentos de risco como a violência e o consumo de substâncias entre crianças e adolescentes. Por isso, faz parte do Programa tanto à educação para a segurança direta e imediata como o risco de sofrer acidentes de trânsito, quanto à prevenção de comportamentos futuros que possam representar uma ameaça para a pessoa e para a sociedade que a cerca.
Além disso, segundo o Coronel Araújo, o foco do Proerd são os alunos do quinto ano do ensino fundamental, pois eles têm uma idade considerada particularmente receptiva às lições, muito embora também haja trabalhos com crianças desde os seis anos, adolescentes e adultos. “Uma vez por semana, um policial militar previamente qualificado para atuar no Programa vai até a sala de aula e repassa algumas lições da cartilha do Proerd. Entre as lições trabalhadas estão o modelo de tomada de decisão com foco na assertividade (responder a situações tensas de forma segura e confiante, por exemplo, pode evitar o consumo de drogas) e o bullying, uma das situações de conflito e violência emocional mais comum nas escolas”, detalha.
Cabe destacar que o Proerd atua no campo da prevenção, área que durante anos, de acordo com o Coronel, não contou com a atenção necessária dos governos. “Cada Estado tem a sua particularidade, alguns estão em uma zona de excelência, com recurso para material didático e investimentos. Já outros carecem de instrutores, de material didático, suporte… Nosso maior desafio, enquanto Conselho Nacional dos Comandantes Gerais é permitir que todos os estados possam desenvolver o Programa de maneira satisfatória, visando sempre a ideia de disponibilizar para o maior número de pessoas, informações sobre as drogas e à violência, permitindo desta forma, fazerem boas escolhas”, observa.
Diante desta falta de atenção, o Governo Bolsonaro, por meio da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred) do Ministério da Cidadania, firmou um Acordo de Cooperação Técnica com o CNCG, que tem por objeto “a integração de esforços entre os participes para ações de prevenção ao uso de drogas, integrando capacidades técnicas para a ampliação do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD para os estados brasileiros e para a difusão e implementação da nova Política Nacional sobre Drogas, em conformidade com o Decreto nº 9.761, de 11 de abril de 2019, contribuindo para consolidação do programa e da política em nível nacional”.
“Este acordo está sendo gerenciado pela Câmara Técnica do Proerd, que funciona junto ao CNCG, que é formada por representantes de sete estados brasileiros. O presidente da Câmara está em contato direto com a Secretaria, buscando a implementação das ações que foram propostas. Estamos em fase final de aquisição, via Senapred, de 570 mil livros do estudante, que serão distribuídos entre os Estados com maior dificuldade de aquisição de material”, destacou o presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares (CNGC).
Ainda na entrevista que concedeu ao Imagineacredite, o Coronel Araújo falou sobre a nova política nacional sobre drogas. Na oportunidade, ele comemorou o fato dela estabelecer uma “postura contrária, por parte do Governo, com relação à legalização das drogas e a inclusão, nas escolas e nas universidades, de conteúdos de prevenção do uso de drogas, que é onde entramos com o Proerd”.
Por Sérgio Botêlho Júnior