Sabemos que são muitos os desafios enfrentados por aqueles que enveredam pelo caminho das drogas. Esses cidadãos que vivem à margem da lei, enfrentam preconceitos da sociedade, passam por necessidades nas ruas e encontram dificuldades para encontrar empregos que devolvam a autoestima. Para isso, é preciso que os parlamentares, eleitos pelo povo, trabalhem em conjunto com a sociedade civil para encontrar soluções que ajudem no enfrentamento as drogas com trabalhos preventivos, no tratamento acolhedor e busquem reinserir esse grupo na sociedade de forma digna e com oportunidades para todos.
Diante disso, a ImagineAcredite traz uma entrevista exclusiva com o deputado federal Diego Garcia (PODE-PR) abordando a importância das Comunidades Terapêuticas e a opinião sobre a nova PL 399/2015. É importante frisar que algumas das principais bandeiras do mandato do parlamentar são a proteção da vida e da família, o combate à corrupção e a valorização das pessoas com deficiência e doenças raras. Hoje, ele é o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família e da Frente Parlamentar de Doenças Raras da Câmara.
Para Garcia, as Comunidades Terapêuticas devolvem a dignidade ao ser humano e a oportunidade de ter um reencontro consigo mesmo. “É, se não fossem as Comunidades Terapêuticas hoje no Brasil, eu não sei como nosso país estaria. E elas, por muito tempo, não tiveram um apoio nenhum da União, dos estados. Mas nesse momento as Comunidades Terapêuticas, principalmente no governo do presidente Jair Bolsonaro, passaram a ter voz, a serem reconhecidas e os trabalhos estão ampliando também como uma política pública a nível nacional”.
Vale destacar que ele é cofundador da CT São Pio de Pietrelcina, localizada na cidade de Bandeirantes, no norte do Paraná. Ele lembra que participou do processo inicial desta comunidade e esteve presenta na formatura, depois que a pessoa passa por 9 meses de tratamento. “Então é feita ali, podemos assim chamar de uma grande celebração, verdade uma grande festa, reunindo as famílias, aqueles internos e celebrando essa conquista, essa vitória de pessoas que estavam afundadas nas drogas, no álcool, destruindo a sua vida, a família, os lares, é, jogaram fora as oportunidades de trabalho e emprego, porque se tornaram escravos, desse, desses vícios. E as Comunidades Terapêuticas”.
Ele ressalta que o governo federal “está apoiando o que dá certo, que são as Comunidades Terapêuticas. E como que ele está apoiando? Através da parceria com as Comunidades, está permitindo de que elas tenham um acesso aos convênios que estão sendo disponibilizados pelas secretarias, no âmbito do governo federal”. E o que podemos esperar? Garcia afirma que “de fato aumente em todo o território nacional, nesse momento, com o passar dos anos e com o avanço dessa política, o número de pessoas que conseguiram vencer esse mal das drogas”. E ainda deixa como mensagem de esperança, “não desista, não se deixe vencer pelo mal, busque uma Comunidade Terapêutica no seu estado, procure alguém, que de forma capacitada, em que já atuou junto a várias outras pessoas nas mesmas condições ou semelhantes que conseguiram sair dessa, sair do fundo do poço, tem jeito”.
PL 399 pode abrir brechas para aprovação de outras drogas
Em meio ao caos na saúde pública, o Congresso Nacional tenta aprovar a nova PL 339/2015 que possibilita a plantação de maconha para uso recreativo. E isso tem gerado também preocupação no deputado Garcia, que já advertiu as mudanças que o projeto apresenta. “Nós fomos surpreendidos com uma proposta de substitutivo na comissão especial, que está analisando esse projeto, e todas as comissões estão paradas na Câmara, portanto essa comissão ela não teve tempo de discutir esse novo projeto, essa nova proposta, que veio na forma de substitutivo. Não teve tempo de debater essa nova proposta, não teve tempo de, de se identificar os mais de 30 artigos que vieram neste novo projeto de lei, ou seja, é uma proposta que está indo muito além daquilo que o autor negou inicialmente, estava propondo e indo muito além também da ANVISA, o órgão competente, pra determinar o registro ou não de novos medicamentos, aqui no Brasil”, esclarece.
E pede cautela, pois a PL, caso seja aprovada, pode permitir inclusive a produção de outros produtos à base da maconha, bastando apenas a receita médica. “O que nos deixa aí muito preocupados, porque qualquer paciente poderia chegar ao consultório de um médico ou de uma clínica especializada, me dá esse tipo de medicamento, e a partir disso, o paciente ter acesso a esse tipo de medicamento pra qualquer tipo de tratamento, pois o projeto de lei também não específica pra qual tipo de tratamento, essa medicação, ela poderá ser utilizada. Muito pelo contrário, vai permitir inclusive também a produção, por exemplo, até de produtos de beleza a base da maconha, ou seja, por de trás aí dessa nova proposta tem também aquela visão de, vamos agora aproveitar esse momento pra tirar essa imagem criada sobre a maconha”, observa.
“Alguns parlamentares estão dizendo que a maconha cura o câncer, cura dor de cabeça, cura enxaqueca, cura a febre, cura dor no corpo, ou seja, vamos tirar essa imagem negativa que criaram e vamos mostrar aqui é bom, pra que num futuro próximo, a gente possa defender também o uso de outras substâncias e de outras drogas. É isso que na prática tá por de trás desse substitutivo apresentado pelo deputado Luciano Ducci. É por isso que nós somos veementes contra essa proposta e vamos trabalhar duramente para que hipótese alguma seja pautada no plenário da Câmara”, adverte Garcia.
Ascom ImagineAcredite