Tia Alessandra lutou bravamente para que fosse reaberta a Casa do Menor em Vila Cláudia para mudar a realidade das crianças

As crianças que nascem em situação de vulnerabilidade social ficam expostas ao crime e ao tráfico de drogas. Quando as mães são solteiras e provedoras dos lares, significa que essa criança fica sem atenção, carinho e, muitas das vezes, começam no mundo da marginalidade muito cedo. Mas, felizmente, o Brasil conta com a ajuda da renomada instituição Casa do Menor São Miguel Arcanjo que faz um trabalho ímpar, devolvendo a dignidade e resgatando os sonhos que tinham sido destruídos dessas crianças. A entidade, que completa 35 anos, foi fundada pelo Padre Renato e Lúcia Inês com o objetivo de ser presença de família para cada acolhido, oferecendo amor, respeito e esperança, além de trabalhar a vida espiritual de cada um.

E a instituição conta com várias unidades espalhadas pelo país para que cada criança, adolescentes, jovens e adultos tenham a oportunidade de escrever um novo capítulo em sua história. Sendo assim, vamos contar a história da colaboradora Alessandra Januária da Silva que vai completar 11 anos, em julho, na Casa do Menor, em Vila Cláudia. Ela é Educadora Social e mora na comunidade com o único propósito de resgata a vida e ajudar as crianças para terem um futuro melhor e não se envolverem com o crime e o tráfico.

A Tia Alessandra, como é conhecida carinhosamente, revela que quando chegou à instituição ficou um pouco nervosa pelo desafio e, ao mesmo tempo, com o sentimento de ajudar mais de 40 crianças. “Eu fui tão bem recebida pelas crianças, que eu falo que é o amor. Eu trabalho pelo amor a Casa, trabalho pelo amor às crianças. E a vontade de estar sempre presente com eles todos os dias, de cuidar deles. A gente acaba cuidando deles como se fossem nossos filhos. O padre Renato usa muito o termo “ter uma mãe” e eu concordo. Porque se eles sentem fome, eu consigo perceber só de olhar, eu sei quando eles tão bem só de olhar, eu sei quando eles estão com algum problema e a gente tem essa troca mesmo. Eu falo para eles que o projeto é extensão da casa deles, que temos que cuidar e temos que manter como se fosse a nossa casa”, detalha.

E quando cada criança, ao chegar à entidade, passa a viver a palavra da casa. “Essas crianças são acolhidas, são amadas, são recebidas com bastante amor. E a gente procura dar o máximo de segurança, porque essas crianças se sentem muito seguras aqui na Casa. Às vezes, quando eu tenho que vir aqui dia de sábado, para poder pegar alguma coisa, para descer para a Casa do Menor, elas ficam muito felizes e querem que eu abra sábado e domingo também”, pontua. E as crianças, durante o dia, fazem o reforço escolar, dois dias na semana, pois muitas que têm dificuldades na aprendizagem. “A gente trabalha a palavra do dado do amor e a cidadania com elas. Trabalhamos também sobre a realidade da comunidade, porque essas crianças têm que estar ciente e saberem se esconder se houver troca de tiros”, explica tia Alessandra.

E por conta da pandemia do Coronavírus, a unidade teve que fechar por um período. Mas ela lutou bravamente para que fosse reaberta e acolhesse as crianças para que nenhuma ficasse nas ruas a mercê da criminalidade. “Lutamos e conseguimos abrir o projeto. Entramos em contato com o padre e falamos da necessidade de abrir, porque infelizmente tivemos uma perca de um menino de Vila Cláudia, que fazia parte daqui. O Cauan foi assassinado. Então não queremos que aconteça isso com as nossas crianças. Por isso que existe o projeto e a gente insiste muito nisso. Sem o projeto aqui a gente perderia muito mais menino”, argumenta.

E ela relata uma outra experiência triste que aconteceu na comunidade. “A realidade é que ultimamente está muito complicado. O tráfico tomou conta da comunidade. Mês passado passamos por muitas dificuldades que nunca houve aqui no morro. E a gente presenciou muitos tiros e muito difícil para as crianças, porque tivemos que ficar deitados. Eu vi bandidos entrando nas nossas casas, fazendo algumas pessoas de refém e obrigava os moradores a fingirem que eles faziam parte da casa. E os policiais entravam agressivo, foram muito agressivos também com os moradores. Mas Deus não abandonou a gente em momento nenhum, um ajudando o outro com palavras, com conforto”, lembra.

Para Alessandra, a Casa do Menor representa um sentimento muito especial. “É o meu futuro. Se hoje eu tenho um emprego, eu agradeço a Casa do Menor, porque eu fui mãe solteira. Então eu agradeço muito porque o que poderia ter acontecido comigo, se eu não tivesse ajuda da Casa do Menor? Qual seria o meu futuro? Será que eu seria a tia Alessandra de hoje em dia? Será que eu teria entrado no mundo das drogas ou até da prostituição? Porque antigamente existia muito isso aqui. Então sou muito grata a Casa do Menor por tudo que eles fizerem e fazem por mim”, finaliza.

Ascom ImagineAcredite

você também pode gostar...