1º Congresso Paulista da AMEAG destaca protagonismo feminino e desafios do setor

O 1º Congresso Paulista da Associação de Mulheres Engenheiras, Agrônomas e Geociências de São Paulo (AMEAG-SP), realizado no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos, reuniu profissionais e lideranças nessa segunda-feira (16). O evento promoveu discussões fundamentais sobre inovação, sustentabilidade e os desafios enfrentados pelas mulheres em suas carreiras, reforçando o protagonismo feminino no mercado de trabalho.

Na abertura, a presidenta da AMEAG-SP, Poliana Krüger, destacou a importância da união feminina e a criação da associação em 2023 como um marco para a valorização das profissionais do setor. “Fizemos tudo com muito amor e carinho, pensando no fortalecimento da atuação das mulheres no sistema da engenharia e da agronomia. Precisamos permanecer unidas e ocupar os espaços que nos pertencem”, afirmou Poliana. Ela também chamou atenção para a necessidade de as mulheres se posicionarem em conselhos e associações para fortalecer a representatividade.

O evento também contou com a participação de Joel Krüger, presidente da Mútua, que ressaltou o papel das instituições no apoio às mulheres e no combate às desigualdades. “O protagonismo feminino precisa ser incentivado e protegido. Precisamos de homens comprometidos com a causa para garantir ambientes de trabalho seguros e livres de assédio. A luta das mulheres é uma luta de resiliência”, pontuou Joel, emocionado com a mobilização do Congresso.

Reforçando a relevância do evento, o presidente da ABNT, Mario William Esper, apresentou a norma técnica PR 1019, uma iniciativa brasileira voltada à prevenção da violência contra mulheres. “Essa norma já está sendo transformada em referência internacional, com adoção prevista em mais de 180 países até 2025. É um marco para a liderança brasileira nessa pauta crucial”, explicou Mario. Ele destacou ainda que a primeira certificação de uma empresa comprometida com os princípios da norma demonstra o compromisso do setor com mudanças estruturais no ambiente corporativo.

A engenheira Priscila Bolchi, palestrante do Congresso, trouxe ao debate a relação entre ESG (governança ambiental, social e corporativa) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ressaltando como essas pautas abrem oportunidades para as mulheres. “É essencial mostrar a nossa representatividade e empoderar as profissionais pela capacidade técnica que possuem. Não podemos nos calar diante dos desafios que enfrentamos, especialmente o assédio, que ainda é recorrente no mercado”, afirmou Priscila.

O Congresso também foi marcado por debates que reforçaram a necessidade de espaços mais inclusivos e a valorização profissional das mulheres. Poliana Krüger frisou a relevância de histórias como a de Enedina Alves Marques, primeira engenheira negra do Brasil, como exemplos de resiliência e inspiração. “Precisamos resgatar essas lideranças para continuar a luta por equidade e representatividade”, concluiu Poliana.

O evento, apoiado por instituições como a Mútua, ABNT e CEBIC, consolidou-se como um marco na valorização feminina e abriu caminho para novas iniciativas voltadas ao protagonismo das mulheres na engenharia, agronomia e geociências. O jornalista e fundador da revista ImagineAcredite, Sérgio Botelho Junior, esteve presente no Congresso.

Poliana Krüger defende conscientização e capacitação feminina

A presidenta Poliana Krüger enfatizou a importância da união e do respeito no ambiente de trabalho, além de destacar o papel da Associação como instrumento de conscientização. “Nossa grande pauta é combater a violência e garantir que nossos ambientes de trabalho sejam respeitosos. Queremos somar com nossos colegas, mas ainda existe um machismo enraizado que precisa ser superado”, afirmou.

Poliana reforçou que a AMEAG-SP busca unir as profissionais, bem como capacitar mulheres, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade. “Temos projetos voltados ao empreendedorismo, principalmente na engenharia civil. Queremos preparar essas mulheres para que possam entrar no mercado de trabalho com segurança e, se desejarem, abrir suas próprias empresas de forma sustentável”, destacou.

Outro ponto discutido pela presidenta foi a inovação como ferramenta de transformação. “A inovação vem de ideias que precisam ser colocadas em ação. Queremos buscar parcerias com empresas públicas e privadas para transformar boas ideias em realidade. É um trabalho de construção e sustentabilidade, alinhado com o desenvolvimento do país”, explicou Poliana.

Joel Krüger reforça o papel da Mútua no apoio às mulheres na engenharia

O presidente da Mútua, Joel Krüger, destacou o compromisso da instituição em fomentar a presença feminina no mercado de trabalho e combater desigualdades persistentes. “Estamos implementando iniciativas que incentivam a participação das mulheres, tanto na formação profissional quanto no mercado. Precisamos erradicar problemas como assédio moral, sexual e patrimonial que ainda afetam muitas profissionais”, afirmou.

Joel ressaltou que a Mútua vem trabalhando internamente para melhorar benefícios e criar programas específicos voltados ao público feminino. “Nosso objetivo é propor benefícios que atendam às necessidades das mulheres, especialmente porque sabemos das jornadas duplas que muitas enfrentam, cuidando da família e atuando profissionalmente. Isso exige um olhar diferenciado para garantir a inclusão e o avanço dessas profissionais”, explicou.

O presidente também defendeu a importância de as mulheres se organizarem e participarem de coletivos e associações, como a AMEAG. “Elas não podem ser vozes solitárias. É fundamental que estejam unidas, debatendo suas dificuldades e buscando soluções para melhorar o ambiente de trabalho e fortalecer o ecossistema profissional”, destacou Joel, incentivando a criação de redes de apoio em todo o país.

Adriana Rezende destaca a importância da equidade

A engenheira Adriana Rezende, presidenta do CREA-DF e da AMEAG-DF, trouxe reflexões sobre a realidade enfrentada pelas mulheres na engenharia e a necessidade de espaços equitativos. “O mercado de trabalho é para todos, mas as mulheres ainda precisam superar muitos desafios diários. Cada degrau que subimos é fruto de muita luta, trabalho e dedicação”, afirmou Adriana.

Durante a entrevista, Adriana destacou sua trajetória profissional, marcada pela superação de barreiras em um ambiente predominantemente masculino. “Sempre trabalhei na área de manutenção, convivendo com homens. Não foi fácil, mas com motivação, honestidade e sabedoria, fui construindo meu espaço”, disse. Ela reforçou a importância de persistir, mesmo diante de obstáculos. “Nós chegamos onde queremos com esforço e determinação.”

Sobre o assédio e a violência contra a mulher, Adriana reforçou a necessidade de trazer o tema para discussão de forma séria e constante. “Não podemos aceitar o desrespeito como algo normal. Precisamos de espaços onde possamos trabalhar com dignidade, sem medo de sermos desvalorizadas ou assediadas”, afirmou.

Gracia Fragalá defende a união feminina

A representante da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CEBIC), Gracia Fragalá, destacou a importância de eventos como o 1º Congresso Paulista da AMEAG-SP para impulsionar a inclusão feminina nos setores de engenharia e construção. “Quanto mais organizações estiverem juntas nessa causa, maior será o impacto no processo de desenvolvimento e inovação. A união é fundamental para fortalecer o protagonismo das mulheres”, afirmou Gracia.

Um dos pontos centrais de sua fala foi a necessidade de abordar temas sensíveis, como o assédio no ambiente de trabalho. Gracia elogiou a iniciativa de trazer o assunto ao Congresso. “É um tema delicado que exige bom senso, mas que precisa ser tratado com seriedade. Ouvir esse debate aqui foi importante porque permite que as pessoas percam o receio de falar sobre o problema”, destacou.

Gracia ressaltou que o silêncio sobre situações de assédio precisa ser quebrado para promover mudanças efetivas. “Quando discutimos essas questões de maneira aberta, criamos um ambiente onde as mulheres se sentem mais seguras para compartilhar suas experiências e buscar apoio. É um passo essencial para eliminar essa realidade do mercado de trabalho”, explicou.

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